Folha de S. Paulo


Minha Casa Melhor dá histórico de crédito a consumidores, diz Luiza Trajano

A empresária Luiza Trajano, presidente do Magazine Luiza, afirma que o programa Minha Casa Melhor, do governo federal, beneficia mais setores da economia por criar um histórico de crédito para o consumidor.

Segundo ela, consumidores que estão tendo agora o primeiro acesso a crédito, para a compra de móveis e eletrodomésticos pelo programa, terão condições de tomar novos empréstimos no futuro.

Grandes redes não matam pequeno varejo, defende Luiza Trajano

"Amanhã, quando esse consumidor tiver histórico, ele vai poder comprar roupa, comprar outras coisas, não é só quem vende eletrodoméstico que se beneficia", afirmou, em sabatina promovida pela Folha na noite de ontem (16).

Trajano foi entrevistada pela colunista Maria Cristina Frias, pela editora de "Mercado" Ana Estela de Sousa Pinto e pelo repórter Toni Sciarretta.

*

CLASSE C

Comecei a frequentar Paraisópolis e Heliópolis. Abrimos loja, estamos procurando crescer. Eu levei os coreanos da Samsung para Paraisópolis --e imagina coreano, que morre de medo [risos]. Mas não faz sentido isso. Tem assalto em Paraisópolis como tem também na [rua] Oscar Freire, na [alameda] Lorena.

Os coreanos ficaram impressionados com os moradores mostrando o quanto queriam o último Galaxy. Levei a também o pessoal da Whirlpool para mostrar que os moradores queriam geladeira frost free, de duas portas. E a Whirlpool não pretendia investir nisso!

MINHA CASA MELHOR

Eu fiquei oito meses indo para Brasília tratar do Minha Casa Melhor. Eu ajudo o Brasil com esse papel. O governo, tanto estadual quanto federal, é muito aberto para a gente ajudar. Sei que vocês nem vão publicar isso, porque vocês gostam de publicar o negativo [risos]. Mas a Dilma é alguém que escuta.

Veja: no Nordeste, a cada 100 clientes novos do varejo, 70 não tem histórico de crédito e não são aprovados. O governo escolheu vários produtos para a casa, e até R$ 5.000 a pessoa vai pagar em até 48 meses, a 5% ao ano. Amanhã, quando esse consumidor tiver histórico, ele vai poder comprar roupa, comprar outras coisas, não é só quem vende eletrodoméstico que se beneficia.

Hoje, o programa representa em torno de 7% ou 8% das nossas vendas. Mas vai subir. A Caixa já deu R$ 1 bilhão no programa.

OTIMISMO

Só 7% dos brasileiros têm TV de tela plana. No Nordeste, 24% têm máquina de lavar roupa automática. Outro dia vendemos 8.000 jogos de panela num dia só. O brasileiro quer ter as coisas, e há potencial. Nos EUA, a pessoa está comprando a sétima TV de tela plana.

Além disso, os últimos meses foram uma boa surpresa para o varejo. Até julho, era muita luta para chegar na meta de vendas. De lá para cá, melhorou, estou muito impressionada. Como o varejo é o primeiro que sofre e o primeiro que reage, é algo muito bom. O varejo é o segundo empregador do Brasil, depois do governo.

Não acho que os impostos vão voltar a subir tanto. O IPI da máquina de lavar era 20% porque era para gente rica. Agora é 10%, e o governo não vai poder subir, porque quem usa agora é a mulher que sai às 4h da manhã de casa para trabalhar. Vários outros eletrodomésticos estão com o IPI reduzido.

Eduardo Anizelli/Folhapress
A presidente da rede varejista Magazine Luiza é entrevistada pela editora do caderno
A presidente da rede varejista Magazine Luiza é entrevistada pela editora do caderno "Mercado", Ana Estela de Sousa Pinto, o reporter Toni Sciarretta e a colunista Maria Cristina Frias

Endereço da página:

Links no texto: