Folha de S. Paulo


Favorito de Obama desiste da disputa por comando do Fed

Lawrence Summers se retirou da disputa pelo comando do Fed (banco central dos Estados Unidos), depois que um bloco de importantes senadores democratas indicou que se oporia à sua indicação.

Summers era visto como favorito para suceder Bernanke em janeiro, a frente de Yellen e também de Donald Kohn, outro vice-chairman do Fed também considerado para o posto.

Janet Yellen, vice-chairman do banco central norte-americano, agora é a favorita para suceder Ben Bernanke em janeiro, uma indicação que faria dela a primeira mulher a ocupar o posto.

Antigo secretário do Tesouro e assessor econômico sênior do presidente Barack Obama em seu primeiro mandato, Summers galvanizou a oposição dos democratas de esquerda, que o retratam como símbolo de tudo que há de errado com a desregulamentação do mercado financeiro.

Summers informou Obama de sua decisão no domingo, mencionado em uma carta a probabilidade de uma confirmação "acrimoniosa", que "não serviria aos interesses do Federal Reserve, do governo ou, em última análise, aos da atual recuperação econômica da nação."

A retirada de Summers pode tornar desnecessária que Obama enfrente uma disputa feroz na confirmação ao nome escolhido para o cargo, em um momento no qual o presidente já está se preparando para um grande confronto com os republicanos do Congresso quanto ao orçamento e o limite das dívidas federais.

Mas também representa um revés pelo presidente, que já foi abalado pela crise da Síria, pois a Casa Branca havia dado a entender que Summers era o candidato preferido do presidente.

Três ou possivelmente quatro dos senadores democratas no Comitê Bancário do Senado, que precisa confirmar o candidato indicado para o Fed antes que este tenha sua indicação votada pelo plenário da casa, indicaram que estavam prontos a votar contra ele, garantindo que enfrentaria dificuldades de confirmação.

Obama disse ter "aceito" a decisão de Summers e o elogiou como "membro crítico da minha equipe quando enfrentamos a pior crise econômica desde a Grande Depressão".

"Foi em larga medida devido à sua experiência, sabedoria e liderança que conseguimos reconduzir a economia ao crescimento e fazer a espécie de progresso que estamos vendo hoje", disse o presidente. "Sempre serei grato a Larry por seu trabalho e incansável serviço ao país, e espero poder continuar contando com sua orientação e seus conselhos no futuro."

VOTOS

O senador Jon Tester, democrata de Montana, parece ter inclinado a balança em desfavor de Summers ao anunciar sua oposição à sua indicação, no domingo, se unindo a Sherrod Brown, do Ohio, e Jeff Merkley, do Oregon, que também se opunham à indicação. Uma quarta senadora democrata, Elizabeth Warren, de Massachusetts, também era vista como possível voto negativo para Summers.

Os democratas contam com maioria de 12 a 10 no comitê formado por 22 senadores, refletindo a pequena vantagem que o partido tem no Senado. A votação do comitê precisa aprovar a indicação por maioria simples dos senadores presentes, para que o nome de um indicado seja encaminhado ao plenário do Senado.

Com o número crescente de democratas que se opõem a Summers, Obama --caso indicasse seu antigo assessor-- teria de persuadir número substancial de republicanos a apoiar a indicação.

Tester expressou críticas ao que definiu como histórico de "ajuda na desregulamentação dos mercados financeiros", por Summers, ecoando preocupações expressas publicamente por seus colegas democratas.

A oposição dos democratas a Summers reflete o conflito não resolvido no partido quanto à desregulamentação financeira. A crise financeira fez com que muitos dos membros da ala esquerda desejassem expressar uma posição firme quanto à questão.

Summers está associado à desregulamentação financeira, que ganhou ímpeto na presidência de Bill Clinton. Ele também é atacado pela direita como arquiteto das medidas de estímulo de Obama.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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