Folha de S. Paulo


Bolsa sobe após favorito desistir de disputa pelo comando do BC americano

O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, sobe nesta segunda-feira (16) em linha com o bom humor registrado nos mercados internacionais, que reagem positivamente à notícia de que o favorito ao comando do Fed (Federal Reserve, banco central americano) desistiu da disputa. Às 11h12, o índice subia 0,76%, aos 54.206 pontos.

Lawrence Summers, um dos nomes mais cotados para o comando do Fed, anunciou no domingo à noite que deixaria a disputa pela sucessão de Ben Bernanke, o atual presidente do BC americano. A notícia foi encarada positivamente pelos mercados, pois Summers era favorável à retirada dos estímulos econômicos adotados desde 2009 pela autoridade monetária americana.

Mensalmente, o Fed recompra US$ 85 bilhões em títulos do governo --parte do dinheiro vira investimentos em outros países, inclusive no Brasil. A reunião que começa amanhã e termina na quarta-feira dará indícios de quando a autoridade monetária americana iniciará a retirada desses estímulos.

De acordo com Marcio Cardoso, sócio-diretor da Easynvest Título Corretora, a saída de Summers abre caminho para que a atual vice-presidente do Fed, Janet Yellen, assuma o lugar de Bernanke. "Existe uma pressão velada para que o próximo presidente do Fed seja a vice, então essa conjunção de momentos acaba impulsionando a Bolsa hoje", diz.

Hoje também é dia de vencimento de opções sobre ações na Bolsa (quando vencem papéis que equivalem às apostas dos investidores sobre o preço futuro das ações). "Isso tende a trazer uma certa volatilidade ao pregão, porque tem o pessoal querendo defender suas posições de compra ou venda, o que sempre causa estresse", afirma Bruno Gonçalves, analista da Wintrade Corretora.

Segundo ele, a notícia de que não houve propostas para o leilão da BR 262 MG-ES pode ter repercussões negativas nos mercados no futuro. "É ruim para o cenário macroeconômico e pode provocar ainda mais turbulência, principalmente pela questão fiscal", afirma.

DÓLAR

O dólar também responde positivamente à retirada de Summers da corrida pelo comando do Fed. Às 11h12, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, caía 0,75%, a R$ 2,263. O dólar comercial, usado no comércio exterior, tinha queda de 0,78%, a R$ 2,264.

Segundo Guilherme Prado, especialista em câmbio da Fitta DTVM, o efeito Summers é o principal motivo para a desvalorização do dólar não só no mercado doméstico, mas também frente a outras divisas internacionais. A moeda americana apresenta, no momento, desvalorização frente a 22 das 24 principais divisas mundiais.

"O mercado agora trabalha com a hipótese de que na reunião do Fed não haverá forte retirada dos estímulos, talvez algum valor simbólico, como US$ 5 bilhões ou US$ 10 bilhões (dos US$ 85 bilhões)", afirma.

O BC realizou pela manhã a venda de 10 mil contratos de swap cambial (que equivale à venda de dólares no mercado futuro), no valor de US$ 496,9 milhões. O leilão de hoje é previsto pelo plano da autoridade para conter a escalada do dólar.

O Banco Central também realizou leilões de 40 mil contratos de swap cambial tradicional, para a primeira etapa da rolagem de contratos que vencem em 1º de outubro. No leilão de rolagem, os contratos foram distribuídos entre os vencimentos de 1º de abril de 2014, 1º de julho de 2014 e 1º de outubro de 2014. O valor financeiro final ficou em US$ 1,964 bilhão.

O programa do BC --que começou a valer em 23 de agosto-- prevê a realização de leilões de swap cambial tradicionais, que equivalem à venda de dólares no mercado futuro, de segunda a quinta, com oferta de US$ 500 milhões em contratos por dia, até dezembro.

Com Reuters


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