Folha de S. Paulo


OGX diz que recuperação judicial é uma das saídas

Após participar de uma conturbada assembleia com acionistas, o presidente da OGX, Luiz Eduardo Carneiro, afirmou ontem que a companhia avalia algumas opções para obter recursos, como a injeção de recursos dos detentores de títulos de dívida.

O executivo da petroleira de Eike Batista confirmou que a recuperação judicial é uma alternativa estudada.

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"É uma possibilidade. Não estou dizendo que vamos entrar [com o pedido]. Aquilo que for possível e impossível fazer para que a gente consiga fazer a reestruturação financeira será feito", afirmou a jornalistas.

Reportagem da Folha na semana passada mostrou que os executivos da OGX empenham-se em convencer os donos dos títulos de dívida ("bonds") a se tornarem acionistas (trocarem dívida por ações da empresa) e a investirem dinheiro novo.

A proposta é que eles injetem entre US$ 250 milhões e US$ 500 milhões na petroleira, além de converter os US$ 3,6 bilhões de títulos de dívida em ações.

Segundo ele, nos Estados Unidos, é comum os credores colocarem mais recursos para reduzir suas perdas.

"Se tenta mostrar que é melhor ele botar um dinheiro e ter um retorno maior do que deixar a empresa quebrar efetivamente."

Carneiro disse também que a saída de Eike do controle será negociada entre ele, os donos dos títulos e as empresas que atuam como consultores -a Blackstone, representando a OGX, e a Angra Partners, atuando pelo empresário.

O presidente afirmou que a reestruturação financeira, que teve início há dois meses, está dentro do planejado, mas confirmou que a negociação é crítica.

"Os 'bondholders' podem aceitar ou não fazer negócio com a empresa."

Sobre o exercício da opção que obriga Eike a injetar até US$ 1 bilhão na petroleira, Carneiro negou que tenha ocorrido qualquer negociação com o empresário sobre o assunto. Segundo ele, a decisão foi da diretoria e ele a executou "sem nem sequer avisar o Eike que estava fazendo isso".

Em meio ao processo de redução de custos, o presidente afirmou também que a companhia ficará com apenas uma das seis sondas de perfuração que aluga atualmente.

Neste momento, a companhia está definindo qual delas será mantida.
'queremos petróleo'

A assembleia de ontem, que elegeu três novos membros do conselho de administração, teve a participação de vários minoritários insatisfeitos com as perdas da companhia nos últimos meses.

A reunião começou com atraso de uma hora e 20 minutos, após um dos acionistas reclamarem: "Vão fazer a gente de palhaço outra vez?".

Em outro momento de intervalo, um dos membros da mesa disse que havia água e café para quem quisesse. A resposta foi: "Não queremos água e café, mas sim o petróleo que vocês prometeram."

Durante a reunião, foi negado o pedido de instalação de um conselho fiscal para a empresa.


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