Folha de S. Paulo


Eletrobras terá que demitir mais para compensar queda de receita

O Programa de Desligamento Voluntário da Eletrobras, que teve adesão de 4.300 funcionários até julho de um total de 28 mil, não foi suficiente para reduzir os custos da companhia. Por isso, a empresa vai abrir mais uma rodada do programa este ano, informou o presidente da estatal, José da Costa Carvalho Neto.

Para ajudar o governo a reduzir as tarifas do setor elétrico, a Eletrobras concordou em renovar as concessões de usinas hidrelétricas que iriam vencer entre 2015 e 2017 por um preço menor do que elas estavam avaliadas no balanço da empresa. Muitas usinas já tinham tido seus investimentos amortizados, ou seja, já tinham sido pagas pelo consumidor. Com a renovação pelo preço mais baixo, a Eletrobras sofreu uma queda de receita da ordem de R$ 8,7 bilhões.

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Segundo Carvalho Neto, o objetivo é chegar a 5.400 empregados. Agora, o programa será aberto também para os empregados da Eletronuclear, e reabrir o processo em Furnas. A empresa evitava estender as demissões para a Eletronuclear, devido à alta especialização necessária para a operação das usinas nucleares.

"Teremos que fazer mais coisas [projetos], mas com menos pessoal", afirmou o executivo durante o Energy Summit 2013.

Na Eletronuclear, a expectativa é de que se consiga uma adesão de entre 400 e 500 pessoas, e o restante seria conseguido em Furnas.

SALÁRIOS

De acordo com Carvalho Neto, a demissão de antigos funcionários, os que mais aderem ao programa, ajuda a reduzir os custos da empresa porque os salários são muito altos.

"20% dos empregados do nosso quadro mais antigo tinham salários maiores dos que os empregados novos", explicou.

Com as demissões a Eletrobras pretende cortar 30% dos seus custos nos próximos 3 anos. Para efetuar as demissões dos 5.400 empregados a companhia estima gastar cerca de R$ 2 bilhões.

A empresa está passando por uma grande reestruturação e na próxima semana apresenta ao ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, o resultado de um estudo feito pelo Banco Santander sobre as distribuidoras de energia que foram federalizadas pela Eletrobras. A previsão era de que o estudo fosse entregue esta semana.

Segundo Carvalho Neto, a conclusão do estudo é de que as seis distribuidoras passem por um processo de Parceria Público Privada, mas ainda não foi definido se a Eletrobrás continuará com o controle das companhias.

Um projeto de reestruturação maior, que inclui governança corporativa e uma nova configuração para a holding --que poderá ser dividida por área de negócio em geração, transmissão e distribuição --ficará pronto no final deste ano e será implantado em 2014.

Ele informou ainda que a Cemig e a francesa EDF estariam interessadas em substituir a Alupar no consórcio para construção da usina hidrelétrica de Sinop, que ganhou o leilão de energia para entrega em 2018 (A-5). Isso se a Alupar decidir realmente sair da parceria, o que ainda não está definido, ressaltou o executivo.

"A Alupar ainda está analisando, mas já tem interessados, como a Cemig e a EDF e um outro grupo estrangeiro com atuação no Brasil", disse, sem revelar o nome do terceiro interessado.

CEMIG

Presente no mesmo seminário, o diretor financeiro e de relações com o mercado da Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais), Luiz Fernando Rolla, negou que estivesse em negociações para uma possível substituição da Alupar no consórcio da estatal, mas confirmou o interesse na usina.

"Tiramos o segundo lugar no leilão e o interesse em Sinop permanece, mas pelo preço que oferecemos e não pelo o que ganhou o leilão", explicou Rolla.

Ele considera mais correto que no caso de uma eventual desistência da Alupar, que o governo chame o segundo colocado. Já no caso da Alupar sair depois de ter assinado o contrato, a Cemig também estaria disposta a conversar, mas em outros termos, explicou.

Ao contrário da Eletrobras, a Cemig não concordou em renovar as concessões e devolveu 18 usinas hidrelétricas ao governo. A empresa se recusou a devolver algumas usinas e luta na Justiça para manter as concessões das hidrelétricas São Simão, Jaguara e Miranda.

Também para compensar a redução de receita pela queda da geração, enquanto não adquire outros ativos, a Cemig está promovendo um programa de demissão voluntária no qual pretende conseguir a adesão de pelo menos mil funcionários até o final do ano.

Dentro do processo de aumento de geração, a Cemig comprou em junho a parte da Petrobras (49%) na Brasil PCH, uma associação da estatal com a Eletroriver, BSB Energética, Araguaia Centrais Elétricas e Jobelpa para geração elétrica de fontes renováveis.


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