Folha de S. Paulo


Investigação de corrupção pode afetar interesse chinês no pré-sal

Às vésperas da apresentação brasileira sobre o leilão do pré-sal, o setor de petróleo da China é o mais novo alvo da campanha anticorrupção lançada pelo governo.

No centro da investigação, anunciada no fim de semana pela mídia oficial, está Jiang Jiemin, ex-presidente da estatal PetroChina, a maior petroleira do país. Jiang, que assumiu em março a direção do órgão que supervisiona as principais estatais chinesas, foi demitido do cargo.

Quatro executivos da empresa petroleira já tinham sido afastados, também por suspeita de corrupção.

O abalo sofrido pelo setor de energia do país ocorre na véspera da chegada ao país da diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Magda Chambriard. Ela fará amanhã, em Pequim, apresentação sobre o primeiro leilão do pré-sal, do campo de Libra, na bacia de Santos.

Jiang é o mais alto dirigente investigado desde a posse do novo governo, em março.

Segundo analistas, a investigação faz parte de uma ofensiva da nova liderança comunista para reduzir o monopólio das estatais em setoreschave do país, dentro do plano de reformas para modernizar a economia.

Segundo um jornal de Hong Kong, Jiang é alvo do comitê disciplinar do PC desde 2012, quando teria usado milhões dos cofres da PetroChina para silenciar duas testemunhas de uma batida de carro envolvendo seu filho.

Para um consultor de negócios entre China e Brasil, que pediu para não ser identificado, a investigação poderá atrasar a decisão da PetroChina de participar no leilão do campo de Libra.

Antes do anúncio da investigação, fontes diplomáticas afirmaram à reportagem que representantes da estatal chinesa haviam manifestado "um forte interesse" no leilão do mês que vem.


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