Folha de S. Paulo


Análise: Resultado do PIB dá alento, mas não sinaliza nova tendência

Pela primeira vez no governo Dilma Rousseff, o resultado do PIB é uma surpresa positiva, superior às expectativas mais otimistas do mercado e até de Brasília.

Foi interrompido, ao menos nas estatísticas, o período mais longo de estagnação econômica desde o Plano Real, de nove trimestres consecutivos de crescimento abaixo de 1%.

Melhor ainda, a qualidade da expansão espelhou os objetivos mais consensuais entre analistas e formuladores da política econômica: alta puxada pela indústria e pelos investimentos --cuja aceleração superou, com folga, a do consumo.

Mas, se é um alento o sinal de vida dado pela produção nacional, os sinais mais evidentes hoje são de que o melhor já ficou para trás.

Ou, em outras palavras, de que o impulso do segundo trimestre não terá continuidade no terceiro, do qual dois terços já foram percorridos.

De julho para cá, a alta acelerada do dólar encareceu os produtos importados e tornou mais difícil o combate à inflação, levando a expectativas de juros mais altos para conter o consumo e os investimentos.

O índice de confiança da indústria, pelo qual a Fundação Getulio Vargas avalia as expectativas dos empresários, atingiu em agosto o menor nível desde julho de 2009, quando o país ainda começava a sair de uma recessão.

Pela lógica, o aumento do pessimismo tende a inibir os investimentos, ou seja, os gastos destinados a elevar a capacidade de produzir.

Se indústria e investimentos podem ter fôlego curto, dificilmente será o consumo das famílias a sustentar uma nova aceleração do PIB.

Com os juros do Banco Central em elevação, consumidores endividados e o mercado de trabalho dando os primeiros sinais de enfraquecimento, ficaram mais escassas as possibilidades de uma escalada de compras movida a crédito.

Editoria de Arte/Folhapress

VEJA O DESEMPENHO DO PIB

SETOR 2º tri.13/1º tri.13 2º tri.13/2º tri.12 Acumulado em 4 trimestres Acumulado em 2013
PELA ÓTICA DA PRODUÇÃO
Agropecuária 3,9 13 7,4 14,7
Indústria 2 2,8 0,1 0,8
Serviços 0,8 2,4 1,9 2,1
PELA ÓTICA DA DEMANDA
Consumo das famílias 0,3 2,3 2,9 2,2
Consumo do governo 0,5 1 2,2 1,3
Formação bruta de capital fixo 3,6 9 0,2 6

Fonte: IBGE


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