O Banco Central (BC) subiu nesta quarta-feira (28) o juro básico da economia brasileira, a taxa Selic, em 0,50 ponto percentual, para 9% ao ano. É a quarta alta seguida da taxa.
A decisão foi unânime e o aumento confirmou a principal aposta dos economistas, baseada no atual cenário de pressão inflacionária, agravado pelo aumento recente do dólar em relação ao real. A moeda americana valorizada encarece, em reais, produtos importados, como matérias-primas.
Poupança paga mais que renda fixa com juro básico em 9% ao ano
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Na avaliação da autoridade monetária, "a decisão contribuirá para colocar a inflação em declínio e assegurar que essa tendência persista no próximo ano".
A elevação dos juros é um instrumento usado pelo governo para conter o consumo, uma vez que o crédito (tanto empréstimos em instituições financeiras quanto parcelamentos em lojas, por exemplo) fica mais caro. E, com menos demanda, a inflação tende a ceder.
PERSPECTIVAS
"O dólar deve continuar subindo até o final do ano e pressionando a inflação no Brasil", diz Paulo Gala, estrategista da Fator Corretora. "Por disso, o BC deve aumentar ainda mais a Selic para manter a inflação sobre controle em 2014", acrescenta.
Outro fator que deve motivar a política monetária mais firme do BC até o final do ano, segundo Gala, é a menor safra de grãos nos Estados Unidos, prejudicada pelo mau tempo, que deve jogar para cima os preços dos produtos no mercado nacional.
Para Julio Hegedus, economista-chefe da consultoria Lopes Filho, o BC será mais incisivo em seu tom nos comunicados das próximas reuniões do BC, em outubro e novembro.
"A autoridade se descolou recentemente da Fazenda e tem tentado mostrar alguma autonomia [em relação ao governo]. Mesmo assim, as medidas econômicas que estão sendo tomadas não são agressivas. Estão 'empurrando as coisas' até o ano que vem, em que teremos eleições", afirma.
Ambos os especialistas esperam mais um aumento de 0,5 ponto percentual na Selic na reunião do Copom de outubro e preveem que a taxa termine 2013 em 9,5% ao ano.