Folha de S. Paulo


Brasil pode economizar R$ 1,1 tri até 2050 com energias renováveis, diz Greenpeace

Apesar de exigir mais investimentos, as energias renováveis podem gerar economias de R$ 1,1 trilhão ao Brasil no futuro, segundo relatório do Greenpeace, ONG de causas ambientais.

O relatório faz uma projeção de dois cenários possíveis para as matrizes energéticas do país em 2050. Em um deles, o foco continua sendo na produção hidrelétrica, com geração termelétrica complementar. No outro, a energia eólica e a solar ganham projeções maiores.

Em dados de 2010, utilizados para construir as projeções, o país tinha 78,2% da energia produzidas em hidrelétricas, 7,9% em gás natural e 6,1% em biomassa.

Já no cenário de 2050 proposto pelo Greenpeace, o uso de gás natural se reduz a 6,5%, a eólica, que corresponde a uma parcela mínima no quadro de 2010 (0,4%) cresce a 21,1% em 2050. Já a solar passaria a 23,2%. No cenário de referência, isto é, nas projeções sem uma mudança de política energética, o gás natural elevaria sua participação para 23%, a eólica ficaria com 7,6% e a solar permaneceria com menos de 2%.

Para isso, a ONG estima que seria necessário elevar os investimentos em R$ 690 bilhões. Até 2030, as energias renováveis seriam mais caras, devido ao custo inicial. Depois, passariam a valer a pena, já que o produtor não teria que comprar o combustível necessário para o funcionamento das termelétricas.

Ricardo Baitelo, coordenador de clima e energia da Greenpeace Brasil, afirmou que vai apresentar o relatório nos próximos dias ao Ministério de Minas e Energia e à EPE (Empresa de Pesquisa Energética). Segundo ele, o governo ainda não tem dimensão do cenário de demanda energética até 2050. Seu planejamento para em 2030.

"O governo quer trazer mais térmicas para a matriz. Mas isso é a solução para quem não fez a lição de casa", afirma Baitelo.

Segundo João Carlos Mello, presidente da Thymos Energia, o governo não promove uma política de estímulos a energia limpa, e prioriza a produção mais barata (hidrelétrica) e mais confiável (térmicas). As eólicas, segundo ele, crescem porque se tornaram efetivamente competitivas com o avanço tecnológico.

Elbia Melo, presidente executiva da Abeeolica (Associação Brasileira de Energia Eólica), afirma que o governo está viabilizando a energia eólica, uma das citadas no relatório, mas não é sua prioridade. Mesmo assim, diz ela, o setor não tem enfrentado dificuldade para crescer.

HIDRELÉTRICAS

A ONG se opõe a obras como Belo Monte, grandes usinas hidrelétricas que apenas nos períodos de cheia atingem seu pico de produção de energia. Mas apoia as pequenas centrais, que reduzem os danos ao entorno. Outra fonte benéfica ao meio ambiente é a biomassa.

A EPE afirmou que vai abrir espaço para esse tipo de energia nos próximos leilões, mas Baitelo afirma que as condições não são tão vantajosas quanto as de outras matrizes. "São duas indústrias que estão se sucateando, e que estavam em um bom nível de desenvolvimento há quatro anos", afirma ele. Baitelo afirma que as empresas do setor reclamam que recebem menos isenções do que a de outros setores energéticos, e tem mais dificuldade em obter financiamento.

"As pequenas hidrelétricas tem sido sacrificadas porque não estão competitivas, porque não estão acompanhando preços mais baratos. Basta um incentivo pequeno do governo para se tornar competitiva", afirma Mello, da Thymos Energia.


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