Folha de S. Paulo


Problemas na Ásia derrubam moedas de países emergentes

A fuga dos investidores das moedas de mercados emergentes, iniciada há três meses com os sinais de fim dos estímulos dos EUA, ganhou agora um capítulo asiático, que abateu ontem as divisas dos grandes países em desenvolvimento, inclusive o Brasil.

Nenhuma das moedas dos 20 principais emergentes subiu ontem em relação ao dólar. O real foi a terceira que mais perdeu (1,35%), apesar de três intervenções do BC que somaram US$ 3,6 bilhões.

Em 10 anos, real ganha poder de compra em relação ao dólar

No Brasil, o dólar à vista fechou cotado a R$ 2,407 na venda, o maior valor desde 3 de março de 2009. No ano, o real já perdeu quase 15% ante o dólar e só está atrás do rand sul-africano (17%).

O presidente do BC, Alexandre Tombini, afirmou que a instituição agirá para garantir oferta de dólares e que quem aposta "em uma única direção" para a cotação do dólar pode ter prejuízo.

Mas não foi só o Brasil que teve perdas fortes. As moedas da Indonésia, da Índia e da Tailândia, além do peso chileno, também sofreram desvalorizações acentuadas.

No caso dos países asiáticos, a preocupação envolve um misto de desaceleração econômica (a Tailândia divulgou ontem que a economia entrou em recessão no segundo trimestre) e temor sobre a vulnerabilidade deles com a saída do capital estrangeiro.

Editoria de arte/Folhapress

Um dos alertas foi disparado depois que a Indonésia divulgou que o deficit em conta-corrente (que mede o saldo das transações do país com o exterior) foi recorde no segundo trimestre. A moeda local, a rupia, atingiu ontem o seu menor valor desde 2009.

A mesma trajetória de queda foi seguida pela divisa indiana, que está na menor cotação histórica ante o dólar.

O governo indiano vem tomando várias medidas nas últimas semanas para impedir a saída de dinheiro do país, sem, no entanto, impedir a desvalorização da moeda.

Investidores estão preocupados porque emergentes vinham compensando o deficit nas transações com o exterior com investimentos em carteira, mais voláteis.

Esse cenário ficou mais difícil porque o BC dos EUA já indicou que vai terminar nos próximos meses o seu programa de estímulo econômico, iniciado em 2012.

Na prática, o término desse programa marca o fim do "dinheiro barato", em que investidores aproveitavam os juros baixos nos EUA para pegar dinheiro e investir em emergentes, mais arriscados, mas com retorno maior.


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