Folha de S. Paulo


Dólar volta a oscilar acima de R$ 2,40 apesar de atuação do BC; Bolsa sobe

Apesar da intervenção do Banco Central pela manhã, o dólar à vista --referência para as negociações no mercado financeiro-- registra forte alta nesta segunda-feira (19) com o mercado cauteloso com o futuro dos estímulos econômicos nos Estados Unidos.

Às 13h30 (horário de Brasília), o dólar à vista subia 1,29% em relação ao real, cotado em R$ 2,405 na venda. No mesmo horário, o dólar comercial, utilizado no comércio exterior, avançava 0,45%, para R$ 2,407.

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O Banco Central realizou pela manhã um leilão de swap cambial tradicional, que equivale a venda de dólares no mercado futuro, visando conter a disparada recente do dólar. A moeda americana chegou a atingir R$ 2,41 na pré-abertura do mercado hoje.

Na operação do BC, foram vendidos todos os 40 mil contratos de swap oferecidos, com vencimentos em 1º de novembro de 2013 e 1º de abril de 2014, por US$ 1,987 bilhão. O leilão de hoje já havia sido anunciado pela autoridade na noite de sexta-feira (16).

Na semana passada, o BC realizou uma intervenção no câmbio na quinta-feira (15) e duas na sexta-feira. Mesmo assim, a moeda americana fechou a última semana no maior valor desde 6 de março de 2009.

A corrida por dólares segue justificada por apostas sobre quando os EUA vão começar a reduzir os estímulos econômicos: para injetar recursos na economia, o Fed (BC americano) recompra mensalmente, desde 2009, US$ 85 bilhões em títulos do governo --parte do dinheiro vira investimentos em outros países, inclusive o Brasil.

Com a redução desse incentivo, as aplicações tendem a diminuir e, com a perspectiva de menos dólares no mercado brasileiro, o preço sobe.

Além disso, investidores preveem que, encerrada a recompra de títulos, o próximo passo será o aumento do juro dos EUA, hoje quase zero. Juro mais alto deixa os títulos do Tesouro americano, remunerados pela taxa, mais atraentes que aplicações de maior risco, como Bolsas, especialmente de emergentes.

A incerteza com os EUA tem feito o dólar ganhar força em relação às principais moedas internacionais. No Brasil, porém, o real também é prejudicado pelo pessimismo do mercado em relação a economia brasileira.

"Mantemos pouco fluxo de entrada de dólares no país, com a balança comercial negativa. A inflação desacelerou, mas está alta, e o PIB não cresce", diz Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora. "Isso ajuda a pressionar a cotação do dólar", acrescenta.

A disparada do dólar voltou ao topo da lista de preocupações da presidente Dilma Rousseff. O tema será discutido pela presidente em reunião nesta semana com Guido Mantega (Fazenda) e o presidente do BC, Alexandre Tombini.

JUROS

A disparada do dólar trouxe volatilidade ao mercado de juros futuros nesta segunda-feira, levando o Tesouro Nacional a utilizar, mais uma vez, a recompra de títulos prefixados para acalmar o humor dos investidores.

A operação de recompra não estava prevista no cronograma e, assim que foi anunciada, tirou os DIs (Depósitos Interfinanceiros) das máximas. Logo cedo, o contrato de DI para janeiro de 2017 bateu o nível inédito de 11,86%, mas às 13h30 já tinha voltado a ser negociado perto de 11,77% --ainda em alta na comparação com o ajuste de sexta-feira, de 11,61%.

A forte pressão sobre o mercado, que leva os juros a níveis considerados irracionais, vem da alta do dólar, disparada do rendimento dos rendimentos de títulos do Tesouro americano e o desconforto com o futuro da inflação.

BOLSA

O principal índice de ações da Bolsa brasileira, o Ibovespa, inverteu a tendência negativa vista pela manhã e registra alta nesta segunda-feira, caminhando para o nono avanço consecutivo.

Os investidores operam com cautela em uma semana repleta de referências importantes nos Estados Unidos e na China. Às 13h33, a alta do índice era de 0,72%, a 51.914 pontos.

Além disso, essa segunda-feira marca o vencimento de opções sobre ações na Bolsa brasileira (quando vencem papéis que equivalem às opostas dos investidores sobre o preço futuro das ações), o que normalmente traz volatilidade ao mercado.

As ações do setor siderúrgico continuam subindo em meio a forte valorização do dólar, o que beneficia o negócio dessas empresas exportadoras.

Repercute ainda a notícia de que a CSN anunciou reajustes de preços de aço junto a distribuidores, segundo informou uma fonte do setor à Reuters. A rival Usiminas também decidiu elevar seus preços a partir desta segunda-feira.

Às 13h35, as ações preferenciais da Usiminas (mais negociadas e sem direito a voto) avançavam 7,27% e estavam entre os maiores ganhos do Ibovespa. No mesmo horário, os papéis ordinários (com direito a voto) da siderúrgica mineira tinham alta de 7,24%.

Em seguida, os papéis da CSN registravam avanço de 6,11% às 13h36, enquanto as ações preferenciais da Gerdau subiam 4%.

O Ibovespa também era impulsionado pelos papéis mais negociados da Petrobras, que subiam 0,16%, e da Vale, com avanço de 1,05%. Ambas as ações --que representam, juntas, mais de 17% do Ibovespa-- começaram o dia em queda, mas inverteram a tendência no início da tarde.

Com Valor


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