Folha de S. Paulo


Investidores do Rural terão indenização de R$ 900 milhões

O Fundo Garantidor de Créditos indenizará em quase R$ 900 milhões os fundos de investimento e os demais aplicadores que compraram CDB (Certificado de Depósito Bancário) e títulos do Banco Rural, instituição financeira que teve sua liquidação extrajudicial decretada há uma semana pelo Banco Central.

Os pagamentos começaram a ser feitos anteontem aos fundos de investimento que apresentaram a documentação exigida pelo FGC.

É uma das maiores indenizações já pagas pelo Fundo Garantidor, que neste ano elevou a cobertura dos investidores pessoa física de R$ 70 mil para R$ 250 mil para cada CPF.

O fundo é uma instituição privada criada pelas próprias instituições financeiras para indenizar os depósitos dos clientes em caso de quebra os bancos. Hoje, seu patrimônio soma cerca de R$ 31 bilhões.

O Fundo Garantidor já havia pago R$ 1,1 bilhão aos investidores do Banco BVA, que foi liquidado em junho após o fracasso da venda da instituição financeira ao empresário Carlos Alberto de Oliveira Andrade, dono da concessionária Caoa.

Antes, o Cruzeiro do Sul custou R$ 1,9 bilhão, e o Pan-Americano, outros R$ 3,35 bilhões aos cofres do Fundo Garantidor.

Dos R$ 900 milhões em indenizações pela quebra do Banco Rural, R$ 750 milhões são de fundos de investimento e de aplicadores individuais que compraram títulos com uma espécie de seguro conhecido como DPGE.

Essa garantia especial indeniza em até R$ 20 milhões os aplicadores.

Segundo a consultoria Economática, 74 fundos de investimento tinham cerca de R$ 480 milhões aplicados em títulos do Banco Rural até a data de liquidação do banco.

Entre os grandes bancos, a Caixa tinha 25 fundos, e o Itaú, outros 9 com investimentos no Banco Rural.

Procurados, a Caixa e o Itaú disseram que todos os fundos tinham cobertura integral pelo DPGE e que os clientes não tiveram nenhum prejuízo.

A LIQUIDAÇÃO

Ao decretar a liquidação do Rural, na sexta-feira, o Banco Central previa que a instituição financeira ficaria com patrimônio negativo de
R$ 300 milhões após assumir perdas judiciais até setembro.

O banco ficou conhecido por operar as contas do mensalão, esquema de corrupção de pagamento de congressistas aliados ao governo.

Os dirigentes, entre eles a ex-presidente Katia Rabelo, foram condenados a até 16 anos de prisão por gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro e remessa ilegal de recursos ao exterior.

Os controladores do Rural disseram que foram surpreendidos pela decisão do Banco Central. Eles negociavam um aporte de recursos para manter a instituição em funcionamento.

Desde 2005, época do escândalo, os controladores fizeram injeções de recursos para mantê-lo em operação.


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