Folha de S. Paulo


Fundos pedem retorno de 8,5% acima da inflação para investir no trem-bala

Os fundos de pensão de estatais Petrobras, Banco do Brasil e Caixa Econômica confirmaram que têm interesse em ser sócios da empresa que vai fornecer equipamentos e gerir o trem-bala ligando São Paulo e Rio de Janeiro.

Eles encaminharam ontem carga à ANTT (Agência Nacional de Transporte Terrestre) onde colocam as condições para entrar na sociedade. O leilão está marcado para começar na terça-feira (13) e companhias interessadas apontavam que uma das dificuldades para entrar no negócio era que as condições de participação dessas companhias não haviam sido apresentadas oficialmente. O governo havia se comprometido com as empresas que os fundos seriam sócios da vencedora.

Os fundos informaram coletivamente que podem entrar, depois de conhecido o vencedor do leilão, com até R$ 620 milhões no negócio em valores de 2008 (o que corresponde cerca de 49% do capital social da companhia que vai gerir o trem-bala). Mas as companhias dizem que têm como alvo um retorno de 8,5% ao ano mais o IPCA. O valor é mais elevado que a taxa de retorno que o governo ofereceu no leilão, que é de 7% ao ano.

O leilão de segunda-feira vai escolher uma empresa para fornecer e operar o trem-bala. Uma outra concorrência escolherá companhias para construir a estrada de ferro.

Essas companhias operadoras serão necessariamente estrangeiras já que elas precisam de ter experiência nesse negócio, que não existe no Brasil. A empresa precisará de cerca de R$ 1,2 bilhões de capital próprio para investir. Outros R$ 6 bilhões poderão ser obtidos por empréstimos, a maior parte junto ao BNDES.

Do total de capital próprio da companhia gestora a ser criada, a estatal EPL (Empresa de Planejamento e Logística) será sócia com 45%. Os outros 55% serão das outras companhias privadas ou estatais.

Na prática, com a participação anunciada dos fundo de pensão, mais do BNDES e dos Correios, 100% do dinheiro para compor o capital social da empresa poderá ser estatal. Isso só não será possível porque é obrigatória a participação de uma empresa fornecedora de equipamento e uma de operação de trens de alta velocidade.

No mercado, a informação é que as empresas da França e Espanha continuam interessadas no negócio.


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