Folha de S. Paulo


Empresa demite 30% dos seus funcionários após OSX cancelar encomendas

A multinacional ítalo-argentina Techint demitiu, na última semana, cerca de 900 funcionários de sua unidade em Pontal do Paraná, no litoral do Estado, depois de a OSX, estaleiro do grupo de Eike Batista, cancelar uma encomenda milionária à empresa.

As demissões correspondem a cerca de 30% da mão de obra da unidade, segundo a prefeitura de Pontal do Paraná.

A Techint havia ampliado sua estrutura no Paraná em 2011, contratando 2.500 pessoas e investindo R$ 300 milhões, para construir duas plataformas para a exploração de campos do pré-sal pela OGX, a petroleira de Eike.

O total do contrato era de R$ 1 bilhão.

FIM DA PRODUÇÃO

No início do mês, porém, a OGX anunciou que iria parar a extração no campo de Tubarão Azul, na bacia de Campos (RJ), para o qual se destinava uma das plataformas da Techint. Em consequência, a empresa cancelou a construção de cinco plataformas.

A Techint efetuou o corte de funcionários na semana passada, segundo a prefeitura de Pontal do Paraná. A empresa não confirma o número de desligamentos, por imposição de "cláusulas contratuais", mas admite que a medida foi necessária devido à "readequação" dos projetos com a OSX.

Cerca de 2.000 pessoas continuam trabalhando na unidade de Pontal do Paraná, que ainda constrói uma das plataformas para a OSX, que irá para o campo de Tubarão Martelo.

A empresa ítalo-argentina também tem um contrato com a Petrobras, para construção da plataforma P-76, que deve sustentar a atividade em Pontal do Paraná.

IMPACTO LOCAL

O município, porém, se preocupa com o impacto das demissões na economia local e com a possibilidade de elas ainda se ampliarem. "Essa empresa emprega mais que 10% de nossa população. É um impacto bem grande", diz o procurador-geral de Pontal do Paraná, Carlos Eduardo Marin.

Boa parte dos demitidos é de fora e está voltando às suas cidades de origem, o que diminui a atividade econômica local.

Comerciantes e empresários da cidade investiram em pousadas, restaurantes e serviços, especialmente no balneário em que está localizada a Techint, desde a expansão da empresa, em 2011.

"Nossa preocupação agora é redirecionar essa demanda para novas empresas que virão ao município, para minimizar o impacto", afirma Marin. Segundo ele, outras duas companhias negociam projetos de offshore na cidade.


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