As manifestações sociais perderam fôlego, mas poderão ter efeito negativo prolongado sobre a economia.
Relatório divulgado ontem pelo Itaú Unibanco afirma que os protestos, somados ao cenário externo menos favorável ao Brasil, terão "consequências econômicas além do plano imediato".
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Segundo Aurélio Bicalho, economista do Itaú Unibanco, as manifestações contribuíram para a desaceleração da economia no terceiro trimestre ao derrubar as vendas de lojas, fechadas por segurança, e ao interromper o fluxo de matérias-primas.
"Mas, além desses efeitos pontuais, a tendência é que o impacto negativo se prolongue pelo segundo semestre."
Economistas constatam ainda uma onda de pessimismo devido à recente leva de indicadores negativos. Mesmo com sinais de descompressão, a inflação está acima do limite de tolerância do próprio governo. Soma-se a produção industrial menor em maio e o mercado de trabalho mais fraco em junho.
A preocupação é que esse clima reforce a sensação de insegurança econômica, o que tende a prejudicar investimentos e consumo.
A FGV já detectou uma queda da confiança de industriais e consumidores em julho para os níveis mais baixos desde 2009, quando a economia encolheu 0,3%.
Embora a situação econômica de hoje seja melhor do que a registrada há quatro anos, esse pessimismo generalizado preocupa analistas.
"A quebra acentuada dos indicadores de confiança de consumidores e empresários pressagia desaceleração da atividade que pode ser significativa", diz Alberto Ramos, diretor do Goldman Sachs.
Segundo Ramos, há riscos para a atividade no segundo semestre de 2013 e em 2014.
O Itaú Unibanco analisa se reduzirá a previsão de crescimento para 2013, atualmente em 2,3%. Segundo Bicalho, os indicadores recentes apontam para estagnação da atividade no terceiro trimestre.
"Pode prevalecer um ambiente de incerteza com efeito perverso sobre as decisões de investimento", afirma.
O banco afirma que a revogação dos reajustes das tarifas de transporte pode afetar os investimentos em serviços públicos.
Ressalta, no entanto, que, se o governo responder aos protestos com medidas para aumentar a eficiência do setor, entre outras reformas, a perspectiva de crescimento no médio prazo pode melhorar.
Editoria de Arte/Folhapress | ||