Folha de S. Paulo


Banco Central aumenta juro básico, a taxa Selic, para 8,5% ao ano

O Banco Central (BC) subiu nesta quarta-feira (10) o juro básico da economia brasileira, a taxa Selic, em 0,50 ponto percentual, para 8,5% ao ano. É a terceira alta seguida da taxa.

A decisão foi unânime. O aumento confirmou a principal aposta dos economistas, baseada no atual cenário de pressão inflacionária. O resultado da inflação oficial medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de junho, que, em 12 meses, ficou acima do teto da meta do governo, reforçou a percepção de que a Selic subiria mais 0,50 ponto hoje.

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"Dando prosseguimento ao ajuste da taxa básica de juros, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 8,5% ao ano, sem viés. O Comitê avalia que a decisão contribuirá para colocar a inflação em declínio e assegurar que essa tendência persista no próximo ano", afirmou o Comitê, em comunicado que acompanhou a decisão.

Editoria de Arte/Folhapress

O IPCA ficou em 6,7% em 12 meses até junho, enquanto o teto da meta do governo é 6,5% (o centro da meta é 4,5%). Neste ano, o teto já tinha sido ultrapassado em março, quando o índice em 12 meses ficou em 6,59%.

A elevação dos juros é um instrumento usado pelo governo para conter o consumo, uma vez que o crédito (tanto empréstimos em instituições financeiras quanto parcelamentos em lojas, por exemplo) fica mais caro. E, com menos demanda, a inflação tende a ceder.

AVALIAÇÕES

Fernando Genta, economista-chefe da MCM Consultores, estava entre os que apostavam em aumento de 0,50 ponto percentual da Selic hoje.

O especialista destaca que, embora a produção industrial do país esteja ruim, o que poderia arrefecer o ritmo de alta do juro básico, o IPCA em 12 meses acima da meta deu sustentação para a continuidade do aperto monetário.

"Se colocarmos juntas as perspectivas negativas para a atividade econômica e as projeções de inflação, que indicam taxas elevadas, mas relativamente confortáveis em relação ao risco de rompimento do teto da meta, concluiremos que o atual ciclo de aperto monetário tende a ser de magnitude moderada", afirma.

O economista prevê, além deste aumento de 0,50 ponto percentual, mais um em agosto e outro de 0,25 ponto percentual em outubro, o que levaria a Selic para 9,25% ao ano no fim de 2013.

Já Maurício Molan, economista do banco Santander, projeta a taxa em 9% ao ano em dezembro, mas também esperava aumento para 8,5% ao ano hoje.

"A última ata do Copom indicou uma mudança tanto na avaliação como na estratégia da autoridade monetária. Recentemente, a prioridade parece estar voltada totalmente ao controle da inflação, mesmo à custa de um menor crescimento econômico", diz.

Para Fabio Akira, economista do JP Morgan, o juro básico deve terminar o ano em 9,5% ao ano. O especialista, porém, que inicialmente esperava aumento de 0,75 ponto percentual da taxa nesta quarta-feira, reviu sua projeção para alta de 0,50 ponto.

"Sinais de desaquecimento da economia e uma ajuda no lado fiscal, com corte nos gastos, deixaram o Copom mais calmo, apesar do enfraquecimento do real em relação ao dólar."

JUROS REAIS

Com o aumento da Selic para 8,50% ao ano, o Brasil fica em segundo lugar entre os 40 países com maiores juros reais, com taxa de 2,5% ao ano descontada a projeção de inflação para os próximos 12 meses, segundo ranking do site MoneYou. Em primeiro da lista, aparece a China, com taxa de 2,9%. Em terceiro, vem o Chile, com 2,3%.


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