Folha de S. Paulo


OGX já sabia de inviabilidade de campos há seis meses

Executivos da petroleira OGX, de Eike Batista, tinham fortes indícios havia ao menos seis meses de que teriam que desistir da exploração de quatro campos de petróleo da empresa, apurou a Folha no alto escalão do grupo X.

A decisão foi anunciada na última segunda-feira e fez as ações da empresa desabarem.

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Dados apurados pelo corpo técnico da petroleira indicavam à diretoria já no início do ano que o custo de extração de petróleo nos campos Tubarão Tigre, Tubarão Gato, Tubarão Areia e Tubarão Azul, na bacia de Campos (RJ), seriam maiores do que o esperado, tornando assim desvantajoso desenvolvê-los.

O comunicado oficial ao mercado, no entanto, foi sucessivamente adiado enquanto os executivos tentavam outras soluções para engordar o portfólio da companhia e dirimir os prejuízos do anúncio aos investidores.

Alex Argozino/E

A OGX buscava ainda esgotar os estudos e a busca por recursos que pudessem viabilizar a ampliação da campanha exploratória.

Os executivos de Eike esperavam conseguir arrematar outras áreas de exploração em leilões da ANP (Agência Nacional de Petróleo) e negociavam a venda de parte de um dos campos da empresa à malasiana Petronas, operações fechadas em maio.

A terceira frente de negociação, contudo, encerrou-se na semana passada, precipitando o anúncio: a tentativa de repasse das plataformas OSX-1 e OSX-2 à Sete Brasil, empresa de sondas de perfuração para o pré-sal, que tem como acionista a Petrobras.

Com a decisão de interromper novos investimentos em seus poços, as unidades de exploração ficarão sem uso, mas o aluguel devido à OSX terá de ser coberto pela OGX.

A Folha apurou que Eike Batista e André Esteves, dono do banco BTG Pactual, que assessora desde o início do ano o grupo X, reuniram-se com a presidente da Petrobras, Graça Foster, há três semanas na sede da estatal no Rio para tratar do assunto.

Na semana passada, entretanto, a Petrobras avisou que as unidades não são compatíveis com seus planos de exploração, e que, para que pudesse usar as plataformas do grupo X, seria necessário adaptá-las.

Apesar dos indícios de que não faria novos investimentos nos campos, a OGX levou em março à ANP a Declaração de Comercialidade dos campos Tigre, Gato e Areia.

Sem o documento, a agência poderia pedir a devolução das áreas, conquistadas pela petroleira em leilão.

A manobra não é ilegal, já que os executivos argumentam que finalizavam estudos sobre a exploração, e expediente similar já foi usado pela Petrobras no passado.

Procurados, BTG, OGX e Petrobras não quiseram comentar as informações.


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