A OGX, petroleira de Eike Batista, divulgou comunicado ao mercado nesta quarta-feira (3) em que informa que, apesar do desembolso imediato de US$ 449 milhões para outra empresa do grupo, a OSX (estaleiros), tem condições de assegurar recursos necessários para honrar seus compromissos de médio prazo.
Segundo o documento, apesar do desembolso, há a perspectiva de recebimento do valor devido pela cessão de participação de 40% do campo de Tubarão Martelo (na bacia de Campos). A malasiana Petronas comprou a fatia da OGX por US$ 850 milhões.
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A companhia informou que, na medida em que for necessário caixa adicional, a companhia poderá exercer a opção de aporte de US$ 1 bilhão do acionista controlador, Eike Batista.
O mercado tem dúvidas se Eike vai realmente injetar esse capital porque o empresário vendeu ações da empresa a valores muito baixos para levantar recursos.
A empresa traz ainda esclarecimentos sobre o motivo do desembolso imediato. Segundo a empresa, o objetivo é compensar gastos já realizados pela OSX na construção de unidades que tiveram a encomenda cancelada pela OGX.
"Somente na aquisição de bens e serviços destinados à construção das unidades ora canceladas, a própria OSX já teve um desembolso de caixa de aproximadamente US$ 383 milhões, sendo importante a imediata recomposição do seu caixa e segundo porque o pagamento imediato foi a contrapartida para a negociação do valor final que envolve um desconto da ordem de 30% em favor da OGX", disse no comunicado.
Segundo a petroleira, o valor de compensação foi determinado pelo método de fluxo de caixa descontado.
Na segunda-feira, ao suspender seus planos para investimentos na produção do campo Tubarão Azul, a OGX decidiu interromper a construção pela OSX de cinco plataformas e disse que destinará recursos à companhia para a construção de duas outras unidades destinadas a operar no campo de Tubarão Martelo.
INVESTIGAÇÃO
O comunicado ocorre após a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) ter iniciado investigação sobre o anúncio feito pela OGX na segunda-feira. A comissão se reúne na tarde de hoje (3) para começar a investigar o comunicado .
A CVM quer saber se houve alguma irregularidade nas informações ao mercado, assim como investiga, desde o ano passado, a promessa de "put" (opção de compra de ações) do empresário na OGX, um fato pouco comum no mercado.
No dia 24 de outubro de 2012, o empresário se comprometeu a exercer uma "put" ao preço de R$ 6,30 por ação até chegar ao valor total de US$ 1 bilhão. Hoje, as ações da OGX estavam operando em queda de 15,56%, a R$ 0,38, por volta das 11h.
O objetivo do anúncio da "put" foi acalmar investidores, que na época vendiam os papéis da companhia após a frustração de não ver as promessas de produção cumpridas.
No início do mesmo ano, a empresa havia anunciado que cada poço do campo de Tubarão Azul iria produzir 5 mil barris por dia, somando 15 mil barris diários.
A meta não apenas não foi cumprida como na última segunda-feira o empresário anunciou, também por fato relevante, que a produção de Tubarão Azul termina no ano que vem.
Segundo fonte da ANP (Agência Nacional do Petróleo), após vários problemas na operação nos três poços abertos no campo de Tubarão Azul, Eike queria encerrar a produção em dezembro deste ano, mas decidiu prorrogar até junho de 2014.
A fonte informou que a ANP não vai investigar as declarações de comercialidade do campo, assim como de outros três que terão o plano de desenvolvimento suspenso (Tubarão Tigre, Tubarão Gato e Tubarão Areia), já que esse tipo de declaração é unilateral.
A declaração de comercialidade é o primeiro passo para o Plano de Desenvolvimento do campo, que precisa ser aprovado pela ANP, e, no caso de Tubarão Azul e dos outros campos que serão provavelmente devolvidos à autarquia, o Plano de Desenvolvimento ainda não havia sido aprovado.
REBAIXAMENTOS
Segundo o banco Credit Suisse, os ativos da OGX valem US$ 2 bilhões, o que não é suficiente para pagar a dívida da companhia, que chega a US$ 4 bilhões.
De acordo com um relatório do banco, se a OGX pagar e investir tudo o que previu, chegaria ao fim do ano com um caixa negativo em US$ 400 milhões.
Na terça-feira, a agência de classificação de risco Standard & Poor's cortou sua avaliação de crédito da OGX para um nível próximo ao de empresas em situação de default (calote) por conta do anúncio feito pela companhia.
A Moody's também tomou medida semelhante. Na mesma data, a Fitch informou que o abandono do campo de Tubarão Azul anunciado pela empresa passará a ter viés negativo, ante neutro, sobre a qualidade de crédito da empresa.