Folha de S. Paulo


Com estoque baixo, cresce corrida por imóvel em Nova York

Estoque reduzido e juros baixos atiçaram a procura por imóveis em Nova York.

As expressões "guerra de lances" e "cada minuto importa", usadas pela imprensa local, dimensionam o clima que submete os compradores a agilizar a escolha das futuras residências, pelas quais podem desembolsar mais de US$ 1 milhão.

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O volume de apartamentos oferecidos caiu quase 30% em maio ante o mesmo mês de 2012, segundo a Miller Samuel, empresa de avaliação imobiliária.

"Com juro baixo, quem aluga começa a querer comprar. Mas há poucos lançamentos e nos usados é a mesma coisa", diz o brasileiro Marcos Cohen, corretor que mais vende em Nova York, segundo a Douglas Elliman, maior imobiliária da cidade.

"O estoque de imóveis desceu a um nível que não víamos desde 2004", afirma Cohen.

"Antes de uma propriedade ser lançada, já tem de dois a cinco compradores esperando. E, pela lei local, todos os corretores têm acesso às propriedades. É preciso monitorar o dia todo."

Joana Cunha/Folhapress
O corretor brasileiro Marcos Cohen em seu escritório em NY:
O corretor brasileiro Marcos Cohen em seu escritório em NY: "Juro e estoque estão baixos"

Os contratos na cidade estão sendo fechados em cerca de cem dias a partir da data em que são postos à venda, em comparação com mais de 150 dias há um ano, também conforme a Miller Samuel.

Em regiões mais cobiçadas, a assinatura pode sair em menos de dez dias, a preços superiores ao pedido.

"Mas, nas melhores áreas, quem não estiver com a proposta na mão entre 24 horas e 48 horas, perde", diz o brasileiro, antes de interromper a entrevista para atender um de seus celulares, que viriam a tocar diversas outras vezes com chamadas de clientes enquanto recebia a reportagem.

O que Cohen chama de "frenesi" se concentra em Manhattan, onde partes menos atraentes no passado, como o Harlem, chamam a atenção de incorporadores. Projetos engavetados em 2008, no auge da crise financeira, foram resgatados.

Como reflexo da maior demanda, o preço mediano em maio foi 12% maior que no mesmo mês do ano passado.

Um quarto e sala em Mahanttan pode variar de US$ 850 mil a mais de US$ 2 milhões, dependendo de tamanho, vista, localização e idade do imóvel. No mercado acima de US$ 5 milhões, a disputa é mais acirrada.

ESTRANGEIRO NO PÁREO

O aquecimento do mercado é visto em todo o país. Os preços tiveram em março a maior alta dos últimos sete anos, segundo o índice Standard & Poor's Case-Shiller.

A dinâmica de Nova York, porém, tem motor próprio. "Os fatores que movimentam o setor aqui são diferentes porque a demanda é internacional", afirma Cohen.

O mercado para estrangeiros é ainda mais limitado. A maioria dos condomínios, que funcionam em um modelo conhecido como "co-op", tem regras para restringir a compra -exigem, por exemplo, comprovação de renda.

"O que o estrangeiro tem de pensar é que ele não precisa entrar na urgência, pois não está desesperado por um teto. É a segunda residência ou um investimento. Ele pode entender melhor o mercado antes de entrar."


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