Folha de S. Paulo


BC dos BCs endossa Fed e diz que é hora de retirar estímulo à economia

Após seguidos anos de esforços para combater os efeitos da crise de 2008, chegou a hora de os bancos centrais pararem de tentar estimular a economia e voltarem a focar o combate à inflação.

A avaliação é do BIS, o consórcio dos principais BCs do mundo, com base na Suíça.

Agora, adverte a instituição, é o momento de enfrentar outro desafio: o desmonte das políticas de estímulo, como baixos juros e programas de compra de ativos, que ajudaram a irrigar os mercados com dinheiro.

As conclusões do banco central dos bancos centrais, como é conhecido o BIS, endossam as indicações dadas na semana passada pelo Fed, o BC dos EUA, sobre um fim iminente do programa de compras mensal de ativos de US$ 85 bilhões.

O recado americano provocou tormenta no mercado mundial. A fuga de investidores para títulos do governo dos EUA derrubou Bolsas e pressionou moedas de emergentes. No Brasil, o dólar subiu mais de 5% na semana.

Por isso, o BIS, em seu relatório anual, deixa o alerta: a retirada dos estímulos exigirá cuidados e, se abrupta, poderá impactar a estabilidade dos mercados.

"O tamanho e o escopo da saída serão sem precedentes. Isso amplia as incertezas envolvidas e o risco de que não será suave", diz o relatório.

Técnicos do BIS sugerem que os incentivos dos BCs podem ter contribuído para postergar reformas necessárias por parte dos governos.

A recomendação é para que se inicie a retirada dos estímulos monetários para que os governos façam mais, com reformas -a mais citada é a flexibilização do mercado de trabalho- e prudência fiscal.

"Está ficando cada vez mais claro que os BCs não podem fazer 'o que for necessário' para levar economias em dificuldades a crescimento intenso e sustentável", diz o economista-chefe do BIS, Stephen Cecchetti.

A expressão é uma referência à declaração do presidente do BCE (Banco Central Europeu), Mario Draghi, em 2012, que sugeria novas ações para ajudar países europeus.


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