Folha de S. Paulo


Deficit em transações correntes é recorde em maio, diz BC

O saldo negativo nas transações correntes do Brasil com o exterior somou US$ 6,4 bilhões em maio, um recorde histórico, considerando a série iniciada em 1947.

O valor é quase o dobro do registrado no mesmo mês do ano passado, quando o deficit ficou em US$ 3,4 bilhões, informou nesta sexta-feira (21) o Banco Central.

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Essas transações incluem as trocas comerciais de bens e serviços, como viagens e aluguéis de equipamentos, mais as transferências de renda, como remessa de lucros e pagamento de juros.

No ano, o deficit acumulado é de US$ 39,6 bilhões, também bastante superior ao rombo registrado entre janeiro e maio de 2012 (US$ 20,8 bilhões).

Esse número reflete um desempenho fraco da balança comercial, que é influenciado por uma queda nas exportações e também por um aumento das importações, impactado pela mudança na forma de a Petrobras registrar suas compras de de combustível no exterior no ano passado, o que levou parte dessas aquisições a só ser incluída nos dados oficias em 2013.

Outro fator que pesa são os gastos de brasileiros com viagens ao exterior, que somaram US$ 2,23 bilhões em maio e US$ 10,37 bilhões nos primeiros cinco meses do ano, valores recordes para os dois períodos.

REVISÕES

O Banco Central revisou sua projeção para o deficit em transações correntes de US$ 67 bilhões para US$ 75 bilhões. Se o número se confirmar, será um novo recorde da série histórica iniciada em 1947.

O déficit de 2012 já tinha sido recorde (US$ 54 bilhões).

A revisão do número de 2013 foi influenciada principalmente por uma queda na projeção para o valor exportado pelo país em 2013, que fez a previsão para o saldo positivo na balança comercial no ano cair de US$ 15 bilhões para US$ 7 bilhões.

Em compensação, a previsão para o saldo positivo na conta capital e financeira, que registra entrada e saída de recursos para investimentos produtivos e financeiros, foi elevado de US$ 77,5 bilhões para US$ 84,5 bilhões.

Esse aumento, porém, não foi puxado por uma elevação nas projeções para a entrada de investimento produtivo, que foi mantida em US$ 65 bilhões. É a primeira vez, desde 2001, que esses recursos não devem cobrir totalmente o rombo nas transações correntes.

Por ser menos volátil que o capital financeiro, o investimento produtivo é considerado pelo BC a melhor fonte de recursos para cobrir o deficit nas trocas de bens, serviços e rendas.


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