Folha de S. Paulo


Análise: Mercado de trabalho será variável econômica de maior peso na eleição

O futuro do mercado de trabalho de agora em diante será provavelmente a variável econômica de maior peso na eleição presidencial do ano que vem.

As manifestações que sacudiram e surpreenderam o país nas últimas duas semanas somadas à debandada de investidores de países emergentes, entre os quais o Brasil é um dos que mais têm sofrido, turvam o cenário e dificultam qualquer previsão.

Taxa de desemprego se mantém estável em 5,8% em maio, diz IBGE
Emprego na indústria de SP tem maior alta desde julho de 2010

Depois de resistir ao fraco desempenho da economia desde 2012, os dados de emprego mostram sinais de arrefecimento. A população empregada cresceu apenas 0,1% em maio em relação ao mesmo mês de 2012. Já o nível de desemprego ficou estável em 5,8%.

A demora para que o mercado de trabalho sinta o impacto da desaceleração do PIB (Produto Interno Bruto) é uma tendência econômica normal.

No caso do Brasil, o processo parece ter sido exacerbado pela atitude das empresas que, frente a custos trabalhistas altos para demitir e contratar, preferiram esperar depois de ter expandido fortemente sua mão de obra formal nos últimos anos.

Confirmada a fraqueza do crescimento no primeiro trimestre deste ano, o setor produtivo começou a reagir contratando menos e demitindo.

Mais recentemente, no entanto, a economia mostrou sinais de recuperação. Com isso, prevalecem as projeções de que o desemprego subirá um pouco mais para um patamar superior a 6%.

Se esse cenário se confirmar, deveria ser ainda bastante favorável à popularidade da presidente Dilma Rousseff.

Um nível de desemprego de 6% a 6,5% ainda seria bastante baixo historicamente. E a teoria, afinal, diz, que estar empregado é um dos fatores que influenciam a sensação de bem estar da população.

PROTESTOS

O desemprego baixo dos últimos anos, no entanto, não evitou que milhares fossem às ruas nas últimas semanas com os mais variados pleitos.

Os protestos ocorrem em um momento prejudicial aos países emergentes à medida que investidores animados com a perspectiva de recuperação dos EUA tiram recursos desses mercados para aplicá-los na economia americana.

A combinação entre a situação doméstica de ebulição social e o contexto externo desfavorável dificilmente deixará de ter um impacto negativo sobre a economia. A consequência disso para o mercado de trabalho influenciará o cenário político.

Mas tudo vai depender do tamanho do estrago. Neste momento em que especialistas têm dificuldade em explicar o presente, mais difícil ainda é arriscar palpites sobre o futuro.


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