Folha de S. Paulo


Efeito da alta do dólar sobre empresas é 'superdramatizado', diz presidente do BNDES

O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Luciano Coutinho, afirmou nesta segunda-feira (17) que há uma "superdramatização" dos efeitos da alta do dólar no mercado mundial sobre as empresas.

Coutinho disse que, apesar da volatilidade dos mercados, as empresas brasileiras estão conseguindo fazer captações de recursos em altos volumes no mercado externo. Segundo ele, há também boas perspectivas de arrecadação para empresas com processos de abertura de capital (IPO, na sigla em inglês) no primeiro semestre.

"O mercado internacional tem janelas que abrem e fecham. Nesse momento elas podem estar mais para fechadas, mas isso não é algo imutável... Neste primeiro semestre, as empresas brasileiras promoveram IPOs de grande escala e temos até um em curso", disse ele, ao citar a abertura de capital da Votorantim Cimentos.

Coutinho argumentou que, apesar de as condições de mercado neste ano não serem tão boas, a expectativa dele é de que sejam captados no exterior US$ 10,5 bilhões.

"Precisamos relativizar e não exagerar", disse Coutinho. "Eu vejo que há um processo de superdramatização", emendou.

Coutinho acrescentou que o momento é de cautela nas projeções sobre os mercados e nos acessos a eles, uma vez que o aperto monetário norte-americano não mostra ser abrupto.

Segundo ele, o que há no momento é apenas uma sinalização de que o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, vai desacelerar o passo de seu programa de estímulos e diminuir as compras de ativos.

"O que nós estamos enfrentando aqui é um processo muito mais gradualista de ajuste moderado da política monetária americana do que um processo abrupto e radical", afirmou.

O banco central dos EUA compra mensalmente títulos públicos do país a fim de injetar mais recursos na economia, estimulando sua retomada. Especialistas avaliam que esse estímulo pode ser cortado em breve, uma vez que a economia americana já mostra sinais de que está pronta para andar com as próprias pernas, o que tem afetado as Bolsas de países emergentes e a cotação do dólar.

Na semana passada, o Banco Central brasileiro interveio quatro vezes no mercado de dólar para conter sua valorização ante o real.


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