Folha de S. Paulo


Caixa pode captar US$ 2,5 bi no exterior até julho

A Caixa mantém planos de captar até US$ 2,5 bilhões no exterior, afirmou nesta quarta-feira (12) o vice-presidente da instituição, Marcio Percival, acrescentando que uma operação poderá ocorrer até julho.

A captação deve ocorrer nos Estados Unidos, Ásia, Europa e América Latina por meio da emissão de dívida subordinada (não coberta por garantias reais ou flutuantes) e bônus perpétuos, acrescentou.

"Vamos buscar fazer esta operação agora, esperamos que saia até julho", disse o executivo, que participou da abertura do Ciab, congresso de tecnologia da associação de bancos Febraban. Segundo Percival, a Caixa está fazendo uma leitura diária do mercado, à espera de que ele se "acalme".

O banco havia afirmado no final de março que a captação ocorreria em maio, apesar do recente rebaixamento de sua avaliação pela agência de classificação de risco Moody's.

A operação não ocorreu no prazo previsto devido à alta volatilidade externa, causada pelo temor de que o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, inicie um movimento de redução dos estímulos monetários nos Estados Unidos.

Segundo Percival, tal decisão do Fed poderá impactar o custo de captação devido à alta dos rendimentos dos títulos do governo americano (Treasuries), e não por fatores relacionados ao Brasil.

JURO

Em relação à Selic --a taxa básica do juro--, o executivo afirmou que a taxa em um dígito é uma realidade que veio para ficar, embora possa ter oscilações "conjunturais".

Esta redução impacta a rentabilidade das operações de crédito, e, por isso, o vice-presidente da Caixa afirmou que a instituição terá que aumentar sua eficiência.

Investimentos em tecnologia, melhoria no atendimento e diversificação de produtos são algumas das iniciativas mais importantes neste cenário, em sua visão.

Neste ano, a Caixa investirá R$ 3 bilhões em tecnologia, acima dos R$ 2 bilhões investidos em 2012.

Apesar de a instituição ter sido muito agressiva na expansão do crédito nos últimos anos, ampliando sua participação de 5,9% em 2008 para os atuais 16,2%, não há sinais de mudança nesta estratégia. Até o final do ano, a meta do banco é chegar a 18% de participação.

Segundo Percival, os bancos privados devem tomar a dianteira na concessão de crédito quando a economia voltar a crescer. "Enquanto o crescimento desacelera, os bancos públicos têm papel anticíclico", disse.

Atualmente, a Caixa concede, em média, R$ 1,5 bilhão em crédito por dia. Segundo o executivo, isso é um sinal de que o esforço de crescer no crédito ainda é grande.

Os riscos gerados pelo crescimento do crédito no atual cenário da economia estão sendo monitorados, de acordo com Percival. "Constantemente revisitamos o modelo de gestão de risco", disse o executivo sem dar mais detalhes.

A previsão da Caixa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil neste ano é de 2,8%. Anteriormente, o banco esperava avanço de 4%.


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