Folha de S. Paulo


GM faz acordo com sindicato e pode investir R$ 2,5 bi em nova fábrica

A General Motors acertou um acordo com o sindicato de metalúrgicos de São José dos Campos (SP) que poderá permitir investimentos adicionais no complexo industrial da cidade, considerado pela empresa o mais caro do grupo no país.

Pelo acordo, fechado no final da noite de segunda-feira (10), o complexo fabril de São José dos Campos se tornará candidato ao investimento de R$ 2,5 bilhões para a produção de um novo modelo de veículo com foco em um segmento de alto volume de vendas.

Se a proposta acordada por montadora e sindicato for aprovada por trabalhadores nesta semana, o complexo competirá pelo investimento com unidades da empresa em outros dois países, em vez de ser descartado do processo de escolha.

As negociações já duravam vários meses e ambos os lados não se mostraram satisfeitos com os termos finais acordados na segunda-feira. Se São José dos Campos for escolhida pela GM para o novo projeto, a montadora vai erguer uma nova fábrica no complexo que possui na cidade. A nova unidade deverá empregar 2.500 trabalhadores em três turnos de produção.

TERMOS DO ACORDO

Os termos do acordo, com validade de 10 anos, incluem piso salarial de R$ 1.700, valor abaixo do que vigora no restante do complexo, atualmente em cerca de R$ 1.800, informou o sindicato dos metalúrgicos.

O valor, de acordo com a GM, estaria mais em linha com o praticado pela empresa em outras unidades do país. Além de São José dos Campos, a GM do Brasil tem fábricas de veículos em São Caetano do Sul e Gravataí.

Além do piso salarial, o acordo prevê Participação nos Lucros e Resultados (PLR) de R$ 10 mil. As condições do PLR e do piso salarial serão válidas apenas para os funcionários contratados para a nova fábrica que poderá será erguida no complexo.

AMEAÇA

As instalações da GM em São José dos Campos são formadas atualmente por oito fábricas e empregam cerca de 6.500 funcionários. Uma das fábricas do complexo já está ameaçada de fechamento depois que veículos antigos produzidos na linha foram substituídos por novos modelos fabricados em outras unidades da GM no Brasil.

Segundo a GM, os R$ 2,5 bilhões darão "continuidade ao complexo de São José dos Campos". A decisão sobre o investimento deve ser anunciada entre o final deste mês e início de julho.

Na semana passada, durante audiência pública na câmara municipal, o diretor de relações institucionais da montadora, Luiz Moan, afirmou que a GM "não vai fechar (o complexo), mas, se não tiver mais investimento, a gente teme pelo futuro desse complexo, porque vai sofrer um processo de esvaziamento".

Em março, a GM decidiu não prorrogar o contrato de 598 trabalhadores da fábrica de São José dos Campos, que estavam suspensos desde o ano passado.

As negociações entre o sindicato local e a empresa se estendiam há mais de seis meses, quando as partes fecharam o primeiro acordo para levar à suspensão dos trabalhadores.


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