Folha de S. Paulo


Início da operação de Angra 3 é adiado de 2016 para 2018

O presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro, informou nesta sexta-feira (7) que a data para a entrada em operação da usina nuclear Angra 3 foi adiada de 2016 para 2018.

O motivo, segundo Pinheiro, é o aumento de segurança da unidade. "A usina foi toda recalculada para as novas e mais modernas normas na área de instrumentação e controle", disse.

Antes analógica como Angra 1 e Angra 2, a usina nuclear Angra 3 será construída com a mesma tecnologia digital que está sendo utilizada nas usinas nucleares do mundo todo.

De acordo com Pinheiro, com a mudança, a segurança da usina localizada em Angra dos Reis será aumentada. Ele evitou, no entanto, relacionar as mudanças ao acidente da usina japonesa de Fukushima, ocorrido em 2011.

"Eles deviam admitir que erraram o projeto, a operação nuclear é segura", ressaltou.

Pinheiro participa de um evento da estatal russa Rosatom no Rio de Janeiro, que pretende participar do programa nuclear brasileiro, que prevê de 4 a 8 novas usinas no país até 2030.

O executivo avalia que o Brasil terá que optar se quer energia barata ou não, já que a energia nuclear só perde em termos de preço para a energia hidrelétrica.

A empresa mapeou 40 locais no país favoráveis à instalação de usinas nucleares, hoje totalmente concentradas no Rio de Janeiro.

Presente no evento, o presidente da associação do setor (Abdan), Antônio Müller, afirmou que o Brasil tem em urânio 40% da energia que pode ser gerada pelo pré-sal e que o anúncio da retomada do programa nuclear será feito antes do que se imagina.

"O Brasil não pode ficar de fora, hoje estão em construção 65 usinas no mundo", informou.

Segundo ele, a tendência é a realização de leilões no Brasil para chamar os investimentos da iniciativa privada para o setor.

FINANCIAMENTO

De acordo com Pinheiro, a Medida Provisória 618, publicada na quinta-feira (6) pelo governo destravou o financiamento para a construção da usina.

A Eletronuclear havia fechado em dezembro do ano passado um empréstimo de 1,2 bilhão de euros com a Caixa Econômica Federal, ou cerca de R$ 3 bilhões, para um contrato com o grupo francês Areva, que será responsável pela mudança de tecnologia da usina.

Segundo Pinheiro, o financiamento da Caixa dependia de garantias, que agora poderão ser feitas pelo Tesouro Nacional.

Pela MP 618, o Tesouro Nacional ficou autorizado a oferecer garantias em operações de crédito interno de subsidiárias de estatais, o que antes era proibido. A Eletronuclear é subsidiária da Eletrobras.

No início do projeto, a Areva seria responsável pelo financiamento que agora foi feito pela Caixa, disse Pinheiro, mas a crise internacional reduziu a liquidez do mercado externo, principalmente na Europa, e a solução teve que ser interna.

Angra 3 terá capacidade para gerar 1.405 megawatts, energia suficiente para abastecer Brasília e Belo Horizonte durante um ano inteiro. A energia será suficiente para atender metade da demanda do Estado do Rio de Janeiro.

O custo da unidade era estimado em R$ 10 bilhões, e, segundo Pinheiro não será alterado em função da mudança de tecnologia.


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