Folha de S. Paulo


Expansão de bens de capital mostra quadro positivo para a indústria, diz IBGE

Embora a indústria ainda esteja distante do seu período de pico de produção, o primeiro quadrimestre do ano mostra um "quadro mais positivo" para o setor.

Isso ocorre especialmente pelo fato de a expansão ser liderada pelo segmento de bens de capital, categoria de máquinas e equipamentos usados na fabricação de outros produtos e indicador do nível de investimento na economia, segundo o IBGE.

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Após reagir de fevereiro para março, a produção da indústria manteve a mesma tendência e cresceu 1,8% em abril, informou o IBGE nesta terça-feira. No acumulado do ano, a alta é de 1,6%.

Editoria de Arte/Folhapress

A produção de bens de capital cresce há quatro meses consecutivos na taxa comparada com o mês anterior (livre de influências típicas de cada período) e acumula alta de 15,5% de janeiro a abril. Esse resultado, ao lado da melhora da produção de bens de consumo duráveis (veículos e eletrodomésticos), mostra "um quadro mais positivo para indústria", de acordo com André Macedo, técnico do IBGE.

"Até o mês de março, porém, não havia uma visão clara desse movimento de recuperação da indústria. Com a entrada do mês de abril, conseguimos visualizar um quadro mais positivo e alavancado por essa categoria [bens de capital], que dá uma qualidade para o crescimento e indica o aumento da capacidade futura de produção."

Entre a produção de máquinas e equipamentos, os destaques ficam para a expansão na fabricações de caminhões, além da produção de máquinas para a própria indústria, para agricultura (beneficiada pela safra recorde e maior renda de produtores) e para construção civil.

Macedo diz que medidas do governo como os financiamentos do BNDES com juros baixos (em algumas linhas com taxas inferiores à inflação) para a compra de máquinas e equipamentos e caminhões impulsionaram os investimentos, ao lado de uma melhora ainda discreta da confiança de empresários.

MUDANÇA DE CENÁRIO

A melhora de ritmo da indústria geral só se firmou com o dado de abril, segundo o IBGE. Considerando a taxa comparada com o mês período de 2012, a indústria acumulava uma perda de 0,5% de janeiro a março em razão de quedas em fevereiro e março, após uma forte alta em janeiro.

Agora, porém, com a alta de 8,4% em abril o índice do primeiro quadrimestre passou a ser positivo em 1,6%. "É preciso relativizar um pouco porque abril de 2013 teve mais dias úteis e a base de comparação era fraca no começo de 2012. Mas, mesmo assim, há um avanço importante e um cenário muito diferente do que prevaleceu até o final de 2012."

Até o fim do ano passado, diz, havia um predomínio da taxas negativas para a indústria em todas as bases de comparação e a maioria setores registravam resultados ruins. Apesar da melhora neste começo de ano, afirma, o setor está distante de voltar ao seu patamar máximo de produção, alcançado em março de 2011. Há uma diferença de ainda 1,8% para retomar tal nível.

"Existe ainda uma distância grande a ser percorrida."

VEÍCULOS

A produção de caminhões e automóveis --estes últimos beneficiados por estoques mais baixos e prorrogação do IPI reduzido-- são os de principais destaques do setor de veículos automotores, que cresceu pelo segundo mês consecutivo em abril na taxa comparada com os meses imediatamente anteriores. No período, a alta acumulada foi de 15,6%.

A alta de veículos automotores em abril (8,2%) foi a maior desde março de 2012. "É um ramo importante porque suas encomendas movimentam uma cadeia de outros setores, como borracha, plástico, vidros e outros", diz Macedo.

VEJA O DESEMPENHO POR SETOR

CATEGORIA CRESCIMENTO (em %)
Abr.13/mar.13* Abr.13/abr.12 Acumulado em 2013 Acumulado em 12 meses
Bens de capital 3,2 24,4 13,4 -4,4
Bens intermediários 0,4 5 0,4 -0,9
Bens de consumo 1,8 7,5 -0,2 -0,2
(bens de consumo duráveis) 1,1 14,9 4,5 1,4
(bens de consumo semiduráveis e não duráveis) 0,9 5,2 -1,6 -0,7
Indústria geral 1,8 8,4 1,6 -1,1

*série com ajuste sazonal
Fonte: IBGE

EFEITO DAS IMPORTAÇÕES

Dentre as categorias, a de bens intermediários (insumos e matérias-primas usadas na fabricação de produtos de consumo final) teve o pior desempenho em abril, com alta de 0,4% em abril. O setor, porém, cresce há dois meses e acumula alta de 0,8% --a mais modesta entre os demais segmentos.

O resultado mais fraco, diz Macedo, reflete as crescentes importações de insumos em setores como petróleo e derivados, siderurgia, papel e celulose e indústria química. A produção nacional principalmente de petróleo e celulose também foram afetadas pela paralisação de plataformas da Petrobras e de fábricas.

Os dados da balança comercial, divulgados ontem, mostraram que as compras externas da cadeia do petróleo foram as principais responsáveis pelo déficit comercial de US$ 5,4 bilhões registrado de janeiro a maio, pior resultado desde 1993.

O saldo entre importações e exportações de petróleo e derivados ficou negativo em US$ 11 bilhões.

Gal Oppido/Folhapress
Empresa de laminação de vidros; produção industrial teve alta em abril
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