O presidente da Portugal Telecom (PT), Zeinal Bava (47), será o novo presidente da Oi. A decisão foi tomada há poucos minutos, na reunião do conselho de administração da operadora brasileira.
Com a escolha, o presidente do conselho de administração da Oi, José Mauro Mettrau Carneiro da Cunha, não acumulará mais cargos. Desde janeiro, ele também comandava a operadora após a saída de Francisco Valim.
Na PT, o presidente do conselho, Henrique Granadeiro, também acumulará cargos até a escolha de um presidente para a companhia.
Zeinal Bava já vinha sendo cotado para assumir o comando da Oi desde a saída de Valim. Engenheiro, Bava está entre os dez melhores presidentes de empresas da Europa (em todos os setores), segundo levantamento da Thomson Reuters. O instituto de pesquisa Institutional Investor o aponta como melhor presidente do setor de telecomunicações desde 2010.
Na Portugal Telecom, Bava tomou decisões que transformaram a operadora em uma das mais rentáveis da Europa. Entre elas, esteve o investimento de trocar os fios de cobre por fibra óptica. Essa mudança fez explodir o consumo de internet em alta velocidade e TV paga.
Na telefonia celular, a PT já opera com o 4G, suportando serviços como pagamentos móveis. Via fibra óptica também há soluções de telemedicina e de controle de serviços públicos (como iluminação).
Bava também incentivou a construção de um data center em Covilhã marcando a entrada da PT no mercado de "cloud" (nuvem). O primeiro passo desse negócio foi oferecer capacidade de armazenamento de dados para todos os clientes da PT, a exemplo do que faz o Google.
Em breve, os clientes da Oi também serão atendidos pelo data center da PT, via Portugal. Isso ocorrerá graças aos cabos submarinos da operadora brasileira que deverão se conectar ao data center da Portugal Telecom, segundo apurou a reportagem.
São iniciativas como essa que levaram os principais acionistas da Oi (Andrade Gutierrez e La Fonte) a aprovarem o nome de Bava no comando da empresa. A partir de agora, sua missão será reduzir o endividamento da companhia e elevar o lucro sem deixar os investimentos de lado.
| Mastrangelo Reino - 8.nov.10/Folhapress | ||
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| Zeinal Bava, presidente da Portugal Telecom, que agora passará a comandar a Oi |
ANTECEDENTES
A PT tornou-se um dos principais acionistas da Oi, no final de 2010, ao adquirir 12% de participação direta. Antes de fechar esse negócio, a companhia portuguesa dividia o controle da Vivo com a Telefônica.
Em julho de 2010, concluíram-se as negociações para a saída da PT da Vivo e sua imediata entrada no bloco de controle da Oi.
A atuação do ex-presidente Lula foi decisiva. Na ocasião, o então primeiro-ministro português, José Sócrates, não queria permitir a transação preocupado com possíveis perdas, especialmente para o governo português, acionista da PT por meio da Caixa Geral de Depósitos --a "Caixa Econômica Federal" de Portugal. O acordo foi fechado e a PT injetou R$ 8,3 bilhões na Oi.
Esse aporte fez o endividamento da companhia cair pela metade, uma folga para que os investimentos (antes represados) pudessem ser retomados. A dívida da Oi se explica basicamente pela compra da Brasil Telecom, em janeiro de 2009, por R$ 5,8 bilhões.
Como parte do acordo entre a Oi e a PT, a operadora portuguesa passou a decidir os rumos tecnológicos da Oi. Houve resistência de Valim em implantar as soluções apresentadas pelos portugueses, mas o principal problema foi o choque ocorrido com os demais controladores (Andrade Gutierrez e La Fonte).
Valim apresentou um plano de R$ 24 bilhões de investimentos até 2015, mas antecipou cerca de R$ 2 bilhões, comprometendo a distribuição de dividendos. Por isso, o endividamento voltou ao patamar de antes da entrada dos portugueses e os acionistas decidiram demiti-lo, no final de janeiro.