Folha de S. Paulo


Análise: Política do BC também quer fomentar atividade econômica

Ao contrário dos demais países que passam por aperto monetário, o atual ciclo de alta dos juros no Brasil é resultado de um novo arranjo entre política monetária e política econômica.

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Nesse novo arranjo, a política monetária está muito alinhada aos objetivos da econômica e, para tanto, foi necessário realizar uma política acomodatícia para a taxa de inflação em um patamar acima de seus objetivos.

Tal condição fica evidente ao analisarmos o desempenho da taxa de inflação medida pelo IPCA nos últimos três anos (2010, 2011 e 2012) e a expectativa para 2013.

No período citado, o IPCA permaneceu rígido acima de 5,8% e na média em 6,0%, portanto, muito mais próximo do limite superior de tolerância da meta para inflação do que seu centro (4,5%).

Em tempo, vale destacar que a taxa de inflação acumulada entre 2010 e 2013 deverá ultrapassar 25%, portanto, acima dos 20% caso a política monetária da atual gestão não fosse acomodatícia e perseguisse efetivamente o centro da meta (4,5%).

Ou seja, a atual gestão da política monetária parece ter abandonado seu modelo de guardião da moeda (foco na redução e no controle da inflação), passando a executar o papel de fomentador da atividade econômica, característica comum dos BCs dos países desenvolvidos.

ALEX AGOSTINI é economista-chefe da consultoria Austin Rating.


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