Folha de S. Paulo


Saiba como o desempenho do PIB afeta os seus investimentos

O PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil teve alta de 0,6% no 1º trimestre desse ano em relação aos três últimos meses de 2012, divulgou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quarta-feira (29).

Muitos investidores, no entanto, especialmente os pequenos, podem encontrar dificuldade em saber como interpretar esse tipo de informação.

Consumo para, e PIB cresce só 0,6% no primeiro trimestre

O economista Homero Guizzo, da LCA Consultores, destaca que a chave para interpretar um indicador econômico como o PIB está na análise do resultado em relação às projeções do mercado.

"O que acontece hoje em dia é que o mercado sempre tenta antecipar o resultado do indicador. São feitos cálculos com base em diversos fatores --no caso do PIB, seriam os desempenhos de cada setor da economia, por exemplo--, e através deles se chega a uma projeção. A partir do momento que as perspectivas são conhecidas, os investidores já começam a ajustar suas aplicações em cima destes números", explica.

O problema é que, em alguns casos, o resultado oficial do indicador pode vir acima ou abaixo do esperado, e, segundo Guizzo, é nessa hora que o investidor deve saber analisar o número.

O resultado divulgado hoje, por exemplo, ficou bem abaixo do estimado pelo Banco Central. Seu indicador IBC-Br, usado para mensurar mensalmente o desempenho da economia, apontava uma alta de 1,05% do PIB entre janeiro e março em relação ao último trimestre do ano passado.

Consultorias, porém, mostravam-se menos otimistas e sinalizavam para um avanço de 0,9% no período.

"Se o crescimento do PIB veio abaixo do que o mercado está esperando, isso tende a pressionar as taxas prefixadas para baixo, portanto, é uma boa notícia para quem já está neste tipo de aplicação (cuja remuneração é determinada no momento da aplicação)", explica João Júnior, da Icap do Brasil.

"Mas, se o indicador tivesse ficado acima do esperado, o efeito seria contrário, pressionando as taxas prefixadas para cima", completa.

Editoria de Arte/Folhapress

CÂMBIO E AÇÕES

Já em relação ao mercado de câmbio, Guizzo avalia que o indicador do PIB não tem atualmente tanta influência.

"Há algum tempo, quando o PIB vinha muito acima do esperado, as taxas prefixadas subiam e isso acabava pressionando a taxa de câmbio para baixo. Mas, hoje, a taxa de câmbio está praticamente tabelada em torno de R$ 2 e o governo tem atuado nesse mercado para manter a cotação do dólar próxima desse nível, então, o impacto do PIB é pequeno", afirma.

Para o mercado de ações, o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, afirma que o desempenho do PIB tem peso relevante, especialmente sobre os papéis de companhias ligadas ao setor de consumo.

"O indicador de PIB é interessante para quem investe na Bolsa. Se as empresas listadas na Bolsa estão em uma economia chamada Brasil, então, a atividade econômica do Brasil tem que se refletir na Bolsa", disse.

O economista explica que o setor de consumo tem forte peso na composição do PIB, por isso o dado costuma refletir mais sobre as ações de empresas que atuam neste segmento.

O QUE É O PIB?

O PIB é um dos principais indicadores de uma economia. Ele revela o valor de toda a riqueza gerada no país.

O cálculo do PIB, no entanto, não é tão simples. Imagine que o IBGE queira calcular a riqueza gerada por um artesão. Ele cobra, por uma escultura, de madeira, R$ 30. No entanto, não é esta a contribuição dele para o PIB.

Para fazer a escultura, ele usou madeira e tinta. Não é o artesão, no entanto, que produz esses produtos --ele teve que adquiri-los da indústria. O preço de R$ 30 traz embutido os custos para adquirir as matérias-primas para seu trabalho.

Assim, se a madeira e a tinta custaram R$ 20, a contribuição do artesão para o PIB foi de R$ 10, não de R$ 30. Os R$ 10 foram a riqueza gerada por ele ao transformar um pedaço de madeira e um pouco de tinta em uma escultura.


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