Folha de S. Paulo


Crescimento do país em março mostra recuperação moderada, dizem analistas

Os dados do IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central), divulgados nesta quinta-feira (16), mostraram que a economia brasileira teve uma recuperação apenas moderada em março, mas que ela deve ser influenciada pela retomada dos investimentos, avaliam economistas.

A economia teve crescimento de 0,72% em março sobre fevereiro, de acordo com os dados dessazonalizados --livres de influências típicas de certa época do ano-- do indicador. O IBC-Br é considerado uma prévia do PIB (Produto Interno Bruto).

No primeiro trimestre deste ano, a economia registrou expansão de 1,05% sobre o período de outubro a dezembro de 2012.

Questionado por jornalistas na portaria do Ministério da Fazenda, o ministro Guido Mantega afirmou que achou "muito bom" o resultado do indicador no primeiro trimestre. Mantega não respondeu a outras perguntas.

O economista-chefe do Banco Safra, Carlos Kawall, avalia que os dados traduzem uma "recuperação moderada" da economia. "Não é nada espetacular, mas não é ruim como vinha sendo desde 2011".

Kawall espera um crescimento de 0,7% no PIB medido pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Em relatório, a economista-chefe da Rosenberg & Associados, Thaís Marzola Zara, também vê recuperação da atividade "embora ainda em patamares modestos".

A consultoria esperava dados mais fortes para março, mas segue projetando uma alta de 0,7% no PIB contra o trimestre anterior, com ajuste sazonal. No último trimestre de 2012, o PIB avançou 0,6% em relação ao terceiro trimestre --também com ajuste sazonal.

INDÚSTRIA E CONSUMO

Os economistas destacam a alta do investimento como uma das boas notícias da recuperação. "O investimento está mais forte e a indústria se recupera, enquanto o consumo está mais fraco, afetado, sobretudo, pela inflação", afirma o economista-chefe do Safra.

Para Kawall, essa nova combinação entre consumo e indústria é "mais salutar". Segundo ele, no ano passado, a demanda das famílias estava em alta, enquanto a produção da indústria e a oferta de serviços estavam pressionadas --o que pode causar inflação e aumento das importações.

A LCA Consultores também espera que a desaceleração do consumo das famílias e a forte retomada dos investimentos influencie o crescimento da economia.

A consultoria estima que os investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo) tenham avançado 7% entre o primeiro trimestre deste ano e os últimos três meses de 2012. Essa retomada é "forte, surpreendente e generalizada", disse a consultoria em relatório para clientes.

Editoria de Arte/Folhapress

INDICADORES

A economia brasileira vem apresentando comportamento errático neste início do ano, mostrando fragilidade e dificuldade de imprimir uma recuperação mais sólida.

Em março, a produção industrial brasileira havia mostrado alguma retomada, ao subir 0,7%, mas bem abaixo do esperado, após queda de 2,4% em fevereiro.

Nem mesmo o varejo brasileiro, um dos principais pilares do crescimento econômico, tem mostrado força. Em março, as vendas recuaram 0,1% frente a fevereiro, fechando o primeiro trimestre com queda de 0,2%.

O consumo das famílias vem sendo afetado pela inflação elevada, que corrói o poder de compra do consumidor, levando o BC a iniciar ciclo de aperto monetário mesmo diante do cenário econômico fraco, elevando a Selic para 7,5% ao ano.

Segundo a pesquisa Focus do BC, a expectativa dos economistas é de que o Brasil encerre 2013 com expansão de 3% do PIB (Produto Interno Bruto) e Selic em 8,25%.

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