A compra da Credicard pode render ao Itaú Unibanco um elevado ganho fiscal e proteger sua posição dominante no mercado brasileiro de cartões de crédito, afirmou, nesta quarta-feira (15), o analista do Espírito Santo Investment Bank, Gustavo Schroden.
A compra da unidade que pertencia ao Citi anunciada na terça-feira (14) à noite, por R$ 2,77 bilhões, e que inclui o Banco Citicard e a Citifinancial Promotora, "faz todo sentido" sob a perspectiva estratégica e financeira, disse Schroden.
Ele calcula que o Itaú pagou o equivalente a 10,7 vezes o lucro estimado para a Credicard neste ano, ou 2,3 vezes o valor patrimonial, ambos "múltiplos muito atrativos, dadas as sinergias que podem ser obtidas com o negócio". Se tiver um benefício fiscal de R$ 690 milhões em seis anos, esses múltiplos ficam "ainda mais atrativos", disse.
A transação fortalece a posição do Itaú no mercado de cartões no Brasil, onde mais de 40 milhões de pessoas ascenderam à classe média na última década e passaram a usar serviços financeiros. Com a compra da Credicard, a base de cartões do Itaú sobe para 37,7 milhões de usuários, equivalente a uma participação de 40% do mercado.
"A aquisição foi muito boa em termos de preço, uma vez que o Itaú pode extrair sinergias substanciais da integração com a Credicard e proteger sua liderança no mercado," disse Schroden.
GANHOS FISCAIS
O analista disse que as estimativas de lucro para o Itaú podem ser revisadas, caso a integração com a Credicard gere receitas e redução de despesas antes do esperado. Mas os ganhos fiscais não devem necessariamente levar a uma revisão do lucro, acrescentou.
O maior banco privado do país vem tentando elevar os ganhos com tarifas e serviços para compensar a queda nas receitas com empréstimos, em meio à abrupta queda nas taxas de juros no país.
No ano passado, o Itaú comprou os 49% que ainda não detinha da Redecard, segunda maior empresa de meios de pagamento do país, por cerca de R$ 10,5 bilhões.
Com a compra desta semana, a Credicard volta ao Itaú, que era sócio do Citi na empresa até 2006. A transação está sujeita a aprovação de órgãos reguladores.
Para fechar o negócio, o banco bateu Santander Brasil e Banco Bradesco, que também estavam na disputa, disseram recentemente à Reuters fontes com conhecimento do assunto. O Bradesco tem cerca de 20% do mercado de cartões no país.
"A aquisição pelo Santander Brasil ou Bradesco teria abalado a liderança do Itaú neste segmento. Foi um movimento para proteger seu território", disse Schroden.