Folha de S. Paulo


Análise: Expansão do crédito terá de ser acompanhada de educação financeira

Depois da bandeira da chamada bancarização, para aumentar o número de brasileiros que usam serviços bancários, a educação financeira dos clientes --efetivos e em potencial-- ganha força no discurso das instituições.

Mesmo com mais emprego e renda maior, ainda é difícil para o consumidor organizar as contas e evitar o endividamento descontrolado.

Novo indicador lançado pela empresa de informações financeiras Serasa Experian para medir o grau de educação em finanças atribuiu nota seis ao brasileiro, em uma escala de zero a dez.

Foram ouvidas 2.002 pessoas a partir de 16 anos ao longo do primeiro trimestre.

A taxa de inadimplência das famílias para dívidas de consumo com atraso superior a 90 dias está em 7,6%, segundo dado mais recente do Banco Central, de março.

O número é inferior ao recorde do ano passado, de 8,2% em maio, agosto e setembro, mas ainda superior à menor taxa dos últimos cinco anos, de 5,7% em dezembro de 2010.

Os valores descontam os chamados "recursos direcionados", como os do financiamento imobiliário, que tem inadimplência baixa, de cerca de 2%.

Vale destacar que o nível de calote entre os brasileiros para consumo ficou na casa dos 8% praticamente durante 2012 inteiro.

Nesse cenário, os principais bancos de varejo, públicos e privados, começam a investir em iniciativas com viés mais educacional.

Propagandas de televisão, por exemplo, ressaltam o impacto, no preço da parcela, da troca de um empréstimo com determinada taxa de juros por outro mais barato.

E, nos sites das instituições, ficam mais visíveis ao consumidor ferramentas de simulação de empréstimos e financiamentos (que são os empréstimos em que o bem entra como garantia).

Em tempos de inadimplência preocupante e maior concorrência por clientela, aos bancos interessa cada vez mais uma "carteira de crédito de qualidade" --ou seja, ter bons pagadores tomando os recursos.

Só assim a expansão dos empréstimos não trará, como efeito colateral, a deterioração das carteiras de crédito das instituições, que, por enquanto, dão sinais de se manterem preservadas.

A taxa de inadimplência dos clientes dos maiores bancos privados do país (Itaú, Bradesco e Santander), que ampliaram o crédito de 6% a cerca de 10% no primeiro trimestre na comparação anual, oscila entre 4% e 5,8%, menor que a média nacional.

Na Caixa, banco público, cuja certeira de crédito cresceu 43%, a taxa de calotes está em 2,3%.


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