Folha de S. Paulo


Petrobras diz que produzirá mais combustível mesmo sem novas refinarias

A presidente da Petrobras, Graça Foster, afirmou que a estatal conseguirá fazer frente ao aumento da demanda por combustíveis no país mesmo sem expandir sua capacidade de refino no curto prazo.

"Vamos produzir mais diesel e gasolina sem colocar mais refinaria neste momento. Vamos importar menos e nosso custo médio ficará menor", disse em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado nesta terça (14).

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O consumo doméstico de gasolina cresceu 3,2% este ano. Já o de diesel apresentou aumento de 5% e a tendência de alta se manterá para o ano, afirmou Foster. Segundo ela, a saída estará no aumento da eficiência.

A área de refino representa um grande desafio para a empresa, já que o consumo interno segue crescendo e projetos de novas refinarias estão atrasados. No ano passado, a empresa teve de lidar com o aumento expressivo da importação de gasolina e de derivados para suprir a demanda interna.

Foster afirmou que a produção da Petrobras, de 1,91 milhões de barris de petróleo por dia, não foi superior no primeiro trimestre deste ano por conta das paradas programadas obrigatórias, um compromisso da estatal com a ANP (Agência Nacional de Petróleo) e Ibama.

Além disso, segundo ela, há um declínio "inexorável" de 10% na produção ao ano. Para minorar esse efeito, a executiva voltou a citar a entrada em operação de sete novas plataformas de exploração, chamadas de unidades "estacionárias".

BALANÇA COMERCIAL

Problemas na produção da Petrobras fizeram com que as exportações de petróleo caíssem abruptamente no início deste ano, levando para baixo o saldo comercial brasileiro, que alcançou resultado negativo histórico nos quatro primeiros meses deste ano --US$ 6,2 bilhões de deficit até abril.

O aumento da produção de petróleo da Petrobras, portanto, é importante não apenas para os resultados da estatal, mas passou a ser crucial para a preservação das contas externas do país.

DESINVESTIMENTOS

Foster voltou a comentar o já anunciado plano de desinvestimentos da estatal ao citar dois projetos: a venda da subsidiária Pesa, na Argentina, e a refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. Ambos os projetos foram alvo de reportagens questionando os gastos feitos na aquisição e os valores de venda negociados.

A executiva negou ainda que a estatal tenha vendido 51% da Pesa ao empresário Cristóbal López, em resposta a notícias veiculadas pela imprensa do país vizinho durante a manhã.

"Não há nenhuma decisão da Petrobras em relação a venda de 50% de nossas ações na Argentina. Não devo comentar nomes das empresas com as quais estamos discutindo o assunto. Não há venda, não há vinculação, não há nenhum tipo de compromisso e a qualquer momento qualquer um dos lados pode sair da mesa", afirmou Foster.

Sobre a refinaria norte-americana, Foster reafirmou a decisão da estatal de retirá-la dos planos de venda.

"À luz do que pagamos e de todos os outros custos de 2006, não haveria propostas neste horizonte agora [vantajosas], em que as refinarias estão saindo de margens negativas após a crise. Vender agora não dá. É o momento da gente recuperar algumas da margens negativas que tivemos por um longo período", disse.


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