Folha de S. Paulo


Sem aumento da produtividade, futuro da economia é nebuloso

Gordon cita duas outras decepções: o genoma e as novas tecnologias de extração de petróleo (o preço da energia segue muito maior do que nos anos 1960).

Sem inovação que faça o PIB decolar, países ricos ficarão em situação difícil.

Internet não trouxe produtividade à economia como vapor e eletricidade

EUA e Europa já mostraram que não aceitarão uma depressão --ela "limpa" a economia quebrando empresas ineficientes e reduzindo o endividamento via calotes, mas tem um custo social altíssimo. A opção que restará para reduzir as relações dívida/PIB será amarga: tolerar mais inflação por algum tempo.

A inflação bagunça a economia, penaliza os pobres e escapa ao controle, exigindo muito sacrifício posterior para controlá-la, mas faz as dívidas velhas valerem cada vez menos: quando o credor recebe o dinheiro, já não compra mais tanta coisa. Grosso modo, é calote disfarçado.

Os EUA tem se mostrado menos preocupados do que os europeus com a hipótese de inflação adiante. Para aquecer a sua combalida economia, estão "imprimindo dinheiro" a rodo --mas pense que mais dinheiro circulando significa que ele fica menos valioso.

Alemães têm horror a isso. Lembram da hiperinflação após a Primeira Guerra, que levou à ascensão de Hitler ao poder.

Botar mais dinheiro na rua também pode só dar em novas bolhas, sem aumento da produtividade. Para os críticos, é curar ressaca bebendo mais. Ou como, para pagar uma dívida, pegar novo empréstimo --ganha-se tempo, mas não funciona para sempre.

(RICARDO MIOTO)


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