Folha de S. Paulo


Alimentos e remédios pesam e IPCA sobe 0,55% em abril

Os alimentos continuaram a pressionar o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) em abril, ao contrário das expectativas, e junto com os serviços e remédios elevaram a inflação do mês para 0,55%.

O resultado veio bem acima do projetado por analistas (0,47%) e da inflação de março, quando o índice subiu 0,47%.

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Os empregados domésticos, que integram o grupo de não alimentícios junto com os remédios, também não deram trégua no mês passado, ficando em segundo lugar como maior alta individual, de 1,25%.

As refeições fora de casa cederam levemente em relação ao mês anterior, subindo 0,69% ante taxa de 0,72% em março.

Segundo dados divulgados nesta quarta-feira (8) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a inflação acumulada pelo IPCA no ano já atinge 2,50%. Nos últimos 12 meses, o índice subiu 6,49%, apenas 0,01 ponto percentual abaixo do teto da meta do governo.

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NOVA ALTA

Essa condição, porém, não deverá perdurar, já que em abril o IPCA deixou para trás uma taxa alta, de 0,64%, mas em junho irá abandonar um índice de 0,08% de junho de 2012, que dificilmente será repetida.

"A gente está tirando esse abril alto (0,64%), e quando calcula os novos 12 meses tira um dado maior e entra um pouco menor. No mês que vem vai tirar o mês de junho, que em 2012 foi 0,08%", disse.

Segundo a economista, isso indica que o acumulado em 12 meses em junho poderá ultrapassar novamente o teto da meta, que foi recuperado em abril.

Entre os alimentos que mais subiram em abril estão a batata inglesa (16,16%), a cebola (10,96%), o feijão carioca (9,44%) e a cenoura (7,82%). O tomate continuou em alta, subindo 7,39% em abril.

PÃO FRANCÊS

Na lanterna das altas do mês, porém já registrando elevação de 3,73% no ano, o pão francês subiu 0,80%, depois de já ter aumentado 0,69% em março.

A farinha de mandioca, que impacta fortemente a alimentação da região Nordeste, subiu 4,43%.

De acordo com a economista do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, os produtos da cesta básica desonerados pelo governo ajudaram a conter o índice.

O açúcar teve queda de 4,50%; o óleo de soja, de 2,87%; o frango inteiro, de 1,92%; o arroz, de 1,87%; as carnes, de 1,78%; o frango em pedaços, de 1,58%; e o café, de 1,37%.

"Nem toda essa queda é da desoneração, mas podemos dizer que sim, a desoneração contribuiu, ou a inflação ia ser maior", avaliou.

Segundo Eulina, os alimentos continuam em alta devido aos problemas no escoamento da produção e o impacto de custos com a nova lei do caminhoneiro, que aumenta o número de horas de descanso.

No ano, o grupo alimentos acumula uma contribuição no IPCA da ordem de 1,37 ponto percentual na taxa de 2,50%, informou Eulina.

VEJA A INFLAÇÃO DOS ALIMENTOS, em %

PRODUTO EM ABRIL NO ANO EM 12 MESES
Tomate 7,39 72,79 149,69
Farinha de mandioca 4,43 41,17 146,31
Batata inglesa 16,16 60,42 123,48
Cebola 10,96 71,85 94,18
Cenoura 7,82 65,29 61,59
Alho 1,55 4,09 46,25
Feijão mulatinho 7,76 18,77 33,74
Ovo 1,84 14,18 29,2
Hortaliças e verduras 3,31 24,71 27,56
Arroz -1,87 -4,11 26,85
Frango inteiro -1,92 5,01 23,1
Feijão-carioca 9,44 34,44 22,85
Pão francês 0,8 4,7 15,86
Frutas 3,24 11,35 14,91
Leite em pó 2,88 5,74 14,56
Lanche 0,68 3,73 13,4
Frango em pedaços -1,58 9,71 12,9
Sorvete 5,94 7,73 12,09
Refrigerante 1,46 3,45 11,52
Leite 2,91 5,47 11,07
Óleo de soja -2,87 -5,45 10,36
Biscoito 1,46 5,98 9,6
Refeição 0,92 3,63 9,26
Queijo 1,78 4,85 9,07
Café moído -1,37 -0,89 5,8
Carnes -1,78 -2,39 2,61
Açúcar refinado -4,5 -9,05 -7,02
Açúcar cristal -3,41 -7,14 -11,04

ENERGIA

Os preços monitorados também contribuíram para evitar uma alta maior da inflação, com destaque para a redução das tarifas de energia elétrica e do telefone fixo. A energia elétrica residencial caiu 0,25% em abril, acumulando redução de 18,25% no ano, e o telefone fixo teve queda de 1,06%, uma deflação de 0,58% no ano.

A maior queda entre os preços monitorados ficou por conta das passagens aéreas, de 9,12%, porém menores do que em março (-16,435%).

O pedido para que as passagens de ônibus não fossem reajustadas, feitas pelo governo federal aos prefeitos, também ajudou a inflação, com esse item registrando queda de 0,24% em abril.

Para junho no entanto, a previsão é de que a inflação seja turbinada pelos aumentos já concedidos em abril a distribuidoras de energia elétrica, como o ajuste de 11,93% da Ampla, no Rio de Janeiro; 3,60% em Porto Alegre; 4,99% em Minas Gerais; 0,79% em Recife; e 3,44% em Fortaleza. Na contramão estará a Bahia, que reduziu as tarifas em 10,53% das tarifas no dia 22 de abril.

Também terão impacto na inflação de junho os aumentos do táxi em Porto Alegre (+8,09%) e a alta das taxas de água e esgoto de Belo Horizonte (+5,25%); São Paulo (+2,38%) e Goiânia (+6,22%).

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