Folha de S. Paulo


Investimento estrangeiro direto deverá encolher 16%

As empresas multinacionais estão investindo menos em novos negócios no Brasil e direcionando recursos para projetos existentes de filiais já instaladas no país.

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Uma análise do fluxo de Investimento Estrangeiro Direto (IED) para o Brasil no acumulado de 12 meses até março deste ano mostra um recuo dos investimentos destinados à aquisição de participação acionária por parte de empresas estrangeiras.

Essa modalidade chegou a representar 96,3% do total de ingressos de IED em 2010, mas caiu para 76,2% nos últimos 12 meses até março.

A queda ocorre em favor do aumento da participação dos empréstimos intercompanhia, para 23,8%.

"Há uma certa insegurança em relação não só ao tamanho do crescimento, mas ao tipo de crescimento ", diz o presidente da Sobeet (Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas
Transnacionais e da Globalização Econômica), Luis Afonso Lima.

"As empresas estão menos agressivas e não investem nem em aquisições nem em plantas novas."

Depois de bater recorde em 2011, alcançando US$ 66,7 bilhões, o IED caiu para US$ 63,6 bilhões no acumulado em 12 meses até o final do primeiro trimestre de 2013.

Pelos cálculos da Sobeet, o país deve atrair US$ 55 bilhões em IED neste ano, recuo de quase 16% ante o ano passado (US$ 65,3 bilhões).

"Não é um número ruim, mas o país precisa bastante desse recurso, por conta da queda na balança comercial e da nossa perda de competitividade", diz Lima.

Pela primeira vez desde 2003, explica, o IED não será suficiente para cobrir o deficit em transações correntes, que é a soma de todas as trocas comerciais e de serviço do Brasil com o resto do mundo.

No primeiro trimestre, enquanto o deficit em transações correntes foi de US$ 24,9 bilhões, o país atraiu US$ 13,3 bilhões em investimento estrangeiro direto.

A projeção da Sobeet é mais pessimista que a do Banco Central, que fala em um IED de US$ 65 bilhões para 2013. Globalmente, o IED deve crescer cerca de 7%, de US$ 1,31 trilhão para US$ 1,4 trilhão, segundo a Unctad (braço da ONU para o comércio e o desenvolvimento).

Se as projeções se confirmarem, a fatia do Brasil no fluxo global de IED deve cair de 5% para 4%.


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