Folha de S. Paulo


Nos EUA, criança aprende o que é poupar na escola

"Ter um iPad é uma necessidade ou uma vontade?", pergunta o presidente da Associação Americana dos Bancos, Frank Keating, a alunos de oito e nove anos de idade em uma escola pública em Waldorf, no Estado de Maryland, nos Estados Unidos.

A turma da segunda série da escola Thomas Stone se divide. Muitos acham que um tablet é algo essencial. Outros, supérfluo. Havia uma lista de produtos na lousa para que as crianças refletissem sobre os seus gastos e desejos.

Exercícios como esse se espalharam pelos EUA no "Dia de ensinar as crianças a poupar", evento que a federação dos bancos americana realiza há 17 anos e que cresceu bastante nos últimos anos, quando várias famílias de classe média tiveram de aprender a apertar o cinto depois da crise de 2008.

Cerca de 11 mil voluntários de 4.300 agências bancárias visitaram classes falando para 500 mil crianças, entre 8 a 14 anos, no último dia 23.

Os alunos da Thomas Stone ganharam marcadores de livros em que podem preencher, de um lado, a lista de "Needs" (necessidades) e, do outro, os "Wants" (vontades). Várias das atividades tentam ensinar aos futuros clientes dos bancos o que é supérfluo.

"Nós precisamos trabalhar juntos para que a educação financeira avance neste país, para prevenir nossas crianças de cometer erros financeiros custosos", diz Keating.

EDUCAÇÃO FINANCEIRA

Já há uma pequena indústria de produtos para educação financeira de crianças nos Estados Unidos e muitos desses materiais são distribuídos de graça nessa campanha. Nas primeiras séries, são porquinhos de plástico para guardar as economias e os tais marcadores de livros.

Para os pré-adolescentes, contos na linha "A cigarra e a formiga" e como "Poupar para o dia de sol". Há uma apresentação sobre "como criar um orçamento". Para os adolescentes, conceitos básicos sobre crédito, juros e inflação.

São temas de discussão comuns nos finais de semana, quando os pequenos americanos são estimulados pelos pais a fazer tarefas domésticas para os vizinhos por alguns trocados --de cortar a grama a vender limonada em barraquinhas. "Como fazer esse dinheiro crescer em vez de desaparecer", perguntam os voluntários.

Clichê corporativo do momento, há quebra-cabeças que ensinam as crianças o elo entre saber poupar e ter uma "vida mais verde e sustentável", com menos desperdício.

Há cartilhas distribuídas aos pais, como "A parent's guide to raising money-smart kids" (Guia para os pais ensinarem crianças espertas com dinheiro) e pulseiras coloridas com dizeres como "it's cool to save" (poupar é legal).

O banco Fauquier, em Warrenton, Virginia, promoveu atividades com professores, alunos e também seus pais, com uma palestra sobre como usar o cartão de crédito e a importância de se pagar contas em dia, ensinando como uma dívida pode crescer.

Segundo pesquisa da associação dos bancos, 32% dos pais americanos conversam com os seus filhos sobre finanças pessoais regularmente; 42% deles se atribuem notas C, D ou E no que se refere a educação financeira, de uma escala de A a E.


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