Folha de S. Paulo


Preços de pacotes limitam a visita de turistas e até de brasileiros

A advogada Liane Magalhães fez as contas: ir à praia na Republica Dominicana era mais barato do que passear uma semana na Bahia. Grávida de seis meses, a economista Patrícia Correia montou um roteiro de descanso e compras em Miami, nos EUA.

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Enquanto isso, a mestre em linguística Fabiana Pfluger, que mora em Constanz, na Alemanha, preteriu o Brasil, onde vive sua família, para passear na Turquia. Fator determinante: a estadia num resort, com refeições, custava a metade do preço.

Há consenso de que o Brasil é um país caro, e isso tem afetado a imagem do país.

"O custo Brasil é inviável para o turista médio internacional", diz o professor Mario Carlos Beni, para quem os valores desencorajam até mesmo quem tem renda em euros, libras ou ienes, moedas mais valorizadas. "Não é só a passagem aérea, mas o hotel e os serviços também."

Por causa das grandes distâncias entre as cidades brasileiras, os turistas que querem conhecer várias regiões se assustam com o custo.

Uma boa opção seria uma ação conjunta na região para oferecer pacotes incluindo vários países da América do Sul, não só o Brasil.

"Enquanto o turismo no mundo todo é intrarregional, aqui ainda é muito fraco", reconhece Flavio Dino, presidente da Embratur.

Ele mostra uma conta: se o Brasil conseguir atrair metade dos 10 milhões de americanos que viajam pela América Latina, excetuando o México, as receitas saltariam dos US$ 774 milhões anuais para cerca de US$ 7 bilhões -metade da meta para 2020.

O Brasil também perdeu com a desaceleração dos desembarques de argentinos no Brasil. O país vizinho é a principal origem de visitantes para cá: 1,67 milhão de pessoas em 2012.
Também lidera o ranking em gastos: US$ 1,38 bilhão no período.

É quase o dobro do que gastaram os EUA, segundo lugar da lista. Os 586 mil americanos desembolsaram US$ 774 milhões. No caso da Argentina, enquanto o desembarque cresceu 14% em 2011, avançou só 4% em 2012, segundo a Embratur.

E há pouco motivo para otimismo: no último mês de março, o governo vizinho elevou a 20% os encargos das compras internacionais com cartões, para limitá-las.

O presidente nacional da Associação Brasileira de Agências de Viagens, Antonio Azevedo, conta um caso curioso: grandes operadores internacionais oferecem como destino Foz do Iguaçu, um dos cartões postais do Brasil, com entrada pelo Paraguai. Argumento: o vizinho é mais econômico.

Para evitar distorções assim, a Embratur vai investir em 13 escritórios internacionais cuja missão é promover o Brasil. Serão 3 nos EUA, 2 na América do Sul, 7 na Europa e 1 no Japão.
Hoje, não há nenhum.

Editoria de Arte/Folhapress
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