Folha de S. Paulo


Portfolio-Penguin vem 'mexer no queijo' dos livros de negócios

O título de um dos livros de maior sucesso da década passada na área de negócios questionava: "Quem Mexeu no Meu Queijo?".

'O Monge e o Executivo' chega a 3 milhões de vendas

A pergunta é cada vez mais relevante para o próprio universo dos livros de negócios no Brasil, que assiste a uma disputa crescente pelo mercado e a chegada ao país de um importante competidor internacional.

Principal divisão de livros de negócios da editora mais conhecida do mundo, a Penguin, o selo Portfolio desembarca de olho numa fatia de um dos segmentos que mais crescem no mercado editorial brasileiro.

Divulgação
Adam Zackhein, publisher da Portfolio, selo de negócios da Penguin que chega ao Brasil
Adam Zackhein, publisher da Portfolio, selo de negócios da Penguin que chega ao Brasil

De acordo com dados levantados pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), o setor de livros de administração, economia e negócios teve expansão de 50% de 2011 para 2012. De um ano para o outro, o mercado cresceu o equivalente a 2 milhões de livros.

"Há dois anos descobrimos que o Brasil era um dos maiores compradores de títulos de economia e negócios das editoras americanas e vimos aí uma oportunidade", diz o publisher do Portfolio-Penguin, Matinas Suzuki Jr.

O novo selo, que será lançado amanhã, em evento fechado em São Paulo, marca a entrada da editora Companhia das Letras no segmento de
negócios.

O Portfolio-Penguin estreia com dois títulos, o volume "Os Limites do Possível", primeira coletânea de ensaios do economista André Lara Resende, um dos formuladores do Plano Real, e "Clique: como Nascem as Grandes Ideias", do empresário norte-americano Frans Johansson.

Entre os 14 demais títulos já anunciados estão os próximo livros de Alan Greenspan, ex-presidente do Fed -o banco central americano-, e de Alvin Roth, Prêmio Nobel de Economia de 2012, além de obras como "A História do Twitter", do jornalista norte-americano Nick Bilton.

TECNOLOGIA

Projetos como este, que relacionam tecnologia e negócios, devem ter um espaço privilegiado no Portfolio-Penguin, seguindo uma tendência já experimentada com sucesso pela Companhia das Letras, com obras como a biografia de Steve Jobs.

"A tecnologia assumiu um papel totalmente central no universo dos livros de negócios", opina Adrian Zackhein, que criou o selo em 2001 nos Estados Unidos e atua como seu publisher.

O editor, que virá ao Brasil para o lançamento, afirma que tal como nos demais países onde o Portfolio foi lançado, Inglaterra e Índia, a programação daqui independe da casa americana.

"O negócio do livro tem um aspecto global, mas tem outro igualmente importante, que é local. Não adianta implementar um selo de sucesso de um país em outro. Ele pode não atender às demandas daquele lugar."

A observação de Zackhein não indica necessariamente um catálogo de autores brasileiros. Dos 16 títulos iniciais já anunciados, só dois são "made in Brazil": o de Lara Resende e o volume "Empreendedores Criativos (à Brasileira)", da jornalista Mariana Castro. "Queremos aumentar a lista de brasileiros e já estamos trabalhando em outros projetos nacionais", diz Suzuki Jr.

Os demais livros, estrangeiros, foram selecionados por ele e pela editora do selo, Thais Pahl, nos catálogos de diversas editoras internacionais, não só as da Penguin, grupo com o qual a Companhia das Letras se associou no final de 2011.

"O maior ganho da nossa aproximação com as Portfolios americana e inglesa é o aprendizado", diz Pahl, que afirma que cerca de 90% do catálogo inicial será composto de livros que ainda não foram nem lançados no mercado internacional.

Ela projeta lançar cerca de dez títulos novos por ano, a mesma média de editoras fortes no ramo, como duas das atuais líderes dos rankings de mais vendidos, Sextante e Gente (leia texto ao lado).

A parceria com o selo americano não envolve, num primeiro momento, o contraponto da publicação de brasileiros no exterior.

"Levo em conta a maneira como a economia brasileira está crescendo e a quantidade de inovação e empreendedorismo no país. Com o tempo, autores brasileiros ganharão mais voz no cenário internacional", diz Zackhein.


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