Folha de S. Paulo


'Tem de perguntar ao BC', diz Mantega sobre quando inflação deverá cair

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta quinta-feira que a inflação vai voltar a cair no país, mas só o Banco Central pode dizer a partir de quando.

A declaração foi dada após encontro com empresários de São Paulo, na sede da Fiesp (federação das indústrias), ao ser questionado sobre a afirmação do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel --em entrevista ao Poder e Política, programa da Folha e do UOL--, de que o Brasil tem uma "inflação de base" renitente "entre 5% e 6%" --acima, portanto, da meta do BC (4,5%).

"Este ano não está previsto seca, nem nos EUA nem no Brasil. O preço das commodities já está caindo. O preço dos alimentos no atacado já está caindo. Nós estamos com inflação descendente no país", afirmou.

Ao ser questionado a partir de quando a inflação cairia Mantega foi categórico: "Tem de perguntar para o BC".

"A inflação vai cair no Brasil. No passado, tivemos problemas principalmente com commodities. O problema veio de fora, os preços se elevaram muito. Tivemos seca nos EUA, no Brasil. E nós tivemos mudança cambial no ano passado que criou inflação momentânea naquele ano. Portanto, temos condições perfeitas para reduzir inflação no país", afirmou o ministro.

Mantega também afirmou que o juro real no Brasil "é um dos mais baixos" dos últimos tempos. "Hoje, deve ser em torno de 1,5%, mas já foi mais de 10%. Estamos com menor custo financeiro de todos os tempos".

Destacou ainda que oscilações de curto prazo "sempre haverão".

"Estou falando de juro para investimento para longo prazo. É um juro muito favorável para reduzir o custo financeiro e para estimular investimentos".

SELIC

Mais cedo, o diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton Araújo, afirmou que o Comitê de Política Monetária (Copom) pode intensificar o uso da Selic para combater a inflação.

"Gostaria de registrar que cresce em mim a convicção de que o Copom poderá ser instado a refletir sobre a possibilidade de intensificar o uso do instrumento de política monetária, da taxa Selic", afirmou o diretor do BC, em evento do Itaú BBA.

Carlos Hamilton argumentou que a inflação não está fora de controle. Mas ressaltou que ainda existem riscos no cenário prospectivo, como o crescimento das expectativas de inflação no mercado e também, "numa dimensão mais abrangente", dos consumidores e investidores.

Por outro lado, o diretor apontou fontes de riscos favoráveis à inflação, como taxa de câmbio "com certa estabilidade" e indicativo de safra recorde de grãos.


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