Folha de S. Paulo


Brasil deve voltar a contratar usinas a carvão por falta de outros projetos

Sem hidrelétricas licenciadas e sem oferta de gás natural barato para as térmicas, o governo será obrigado a aceitar o retorno das usinas a carvão no leilão previsto para o segundo semestre.

O setor tem projetos que, somados, oferecem 1.767 MW em termelétricas a carvão. Todos esses projetos possuem, pelo menos, a licença ambiental prévia.

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É a primeira vez desde 2005 que as termelétricas movidas a carvão nacional terão chances de disputar o leilão promovido pelo governo.

Em 2007, projetos da MPX, do empresário Eike Batista, foram contratados no leilão feito pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), mas, neste caso, as usinas usavam carvão importado.

BRECHA

A indústria carbonífera tenta aproveitar a brecha gerada pela falta de projetos neste ano. Ela negocia com os governos do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina mudanças nas regras do ICMS. O objetivo é tornar o setor mais competitivo.

Os Estados do Sul também tentam convencer o governo federal de que é necessária uma política nacional para o uso do carvão como parte da matriz energética brasileira.
Mas isso não será fácil.

A própria EPE considera pontual a volta do carvão, criada pela necessidade momentânea de usar usinas termelétricas para suprir a demanda brasileira.

"Há agora um espaço para as térmicas a carvão, mas é preciso termos equilíbrio e observar a questão das emissões", disse Maurício Tolmasquim, presidente da EPE.

"O governo não entendeu ainda que o carvão pode ser estratégico e que temos como controlar emissões", disse Fernando Zancan, presidente da Associação Brasileira do Carvão Mineral. Hoje, as termelétricas a carvão representam 2,6% da geração no país, ou uma capacidade instalada de 3.205 MW.

Além dos 1.767 MW, o setor tenta viabilizar outros 1.000 MW em projetos para os próximos leilões.

(AGNALDO BRITO)


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