Folha de S. Paulo


Com Selic em 7,50% ao ano, poupança paga mais que fundos de renda fixa

O juro básico em 7,50% ao ano faz da poupança um investimento mais atraente que a maioria dos fundos de renda fixa --considerando o ganho líquido mensal, que desconta taxas cobradas e impostos--, segundo levantamento da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade).

Nessa comparação, a caderneta se revela uma boa alternativa mesmo após a mudança de regras que reduziu a rentabilidade de aplicações feitas a partir de 4 de maio de 2012.

Pela norma, todos os novos depósitos efetuados na poupança renderão 70% da Selic mais TR (Taxa Referencial) sempre que o juro básico for menor ou igual a 8,5% ao ano.

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Banco Central sobe juro básico, a taxa Selic, para 7,50% ao ano

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Poupança atrativa com Selic a 7,5%
Poupança atrativa com Selic a 7,5%

De acordo com a Anefac, a nova poupança, com rentabilidade de 0,43% ao mês, ganha de todos os fundos de renda fixa com taxa de administração a partir de 2% ao ano, independente do prazo para resgate dos recursos.

Já para os fundos que cobram 1,5% ao ano de taxa, a poupança nova só perde quando o resgate pode ser feito a partir de dois anos.

Só os fundos com taxas de administração de 0,50% ao ano --concedidas, normalmente, em aplicações acima de R$ 50 mil-- sempre vencem da poupança independentemente dos prazos de resgate determinados.

Considerando a poupança antiga --que rende 0,5% ao mês mais TR, ou 6,17% ao ano mais TR--, que contempla aplicações anteriores a 4 de maio de 2012, a caderneta é mais vantajosa que todas as opções de fundos destacadas pela Anefac, com taxas de administração entre 0,50% ao ano e 3% ao ano e qualquer prazo de resgate.

COMPARAÇÃO

Além de comparar os custos antes de aplicar, o investidor deve considerar a possibilidade de mudar os recursos de um fundo para outro quando encontrar alternativas similares mais em conta.

É importante, no entanto, colocar na ponta do lápis quanto terá de pagar de Imposto de Renda na troca.

Se os recursos estiverem em um fundo há mais de dois anos, por exemplo, o investidor já tem o benefício da alíquota mais baixa possível do IR, de 15% sobre a rentabilidade.

No caso de surgir fundo similar com taxa de administração menor, o aplicador precisa avaliar se conseguirá manter o dinheiro investido na nova opção por outros dois anos, pois, se tiver de resgatar antes, pagará IR outra vez e com alíquota maior.

Se o horizonte for o longo prazo e a diferença de custos expressiva --por exemplo, de uma taxa de administração de 3% ao ano para outra de 1,5% ao ano--, a troca pode compensar.

TÍTULOS PÚBLICOS

Com a Selic ainda em um dígito, os títulos do governo podem ser uma boa alternativa em relação a outras aplicações de renda fixa.

Principalmente para o pequeno investidor, que tem dificuldade de conseguir custos mais baixos em muitos investimentos tradicionais, como fundos.

Isso porque o peso de uma taxa de administração alta em uma aplicação cujo rendimento é atrelado à Selic ou ao CDI (Certificado de Depósito Interfinanceiro, que fica próximo à taxa de juros) é maior quanto menor for a taxa Selic.

No entanto, é preciso ficar atento às taxas cobradas na aplicação no Tesouro, que também podem corroer parte dos rendimentos.

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A BM&FBovespa e o Tesouro extinguiram a taxa de negociação na compra de títulos ---que era de 0,1%-- para reduzir os custos do investimento, cujo ganho começava a empatar com a caderneta de poupança.

Agora, para aplicar no Tesouro, há uma taxa de custódia, cobrada pela BM&FBovespa, de 0,3%, e outra cobrada pela instituição financeira escolhida pelo investidor -muitas não cobram, mas ela costuma variar até 2%.

Para pesquisar as taxas das instituições, há uma lista no site do Tesouro.

Vale lembrar que incide ainda na aplicação o Imposto de Renda e o IOF (Imposto Sobre Operações Financeiras) para resgates antes do período de 30 dias.

Há diversas opções de títulos oferecidas pelo Tesouro, com diferentes vencimentos. Alguns são prefixados, em que a rentabilidade é definida na compra, e outros, pós-fixados, em que o rendimento é atrelado a um indexador, como a taxa de juros, e pode variar de acordo com ele.

Os prefixados são mais rentáveis quando a perspectiva é de redução de taxa de juros. Já os pós-fixados, quando a perspectiva é de aumento da Selic ou da inflação.

A liquidez -velocidade de o investimento se transformar em dinheiro- é garantida pelo governo, que recompra, toda semana, os títulos que os investidores querem vender.

Nessa operação, o aplicador pode ganhar ou perder dinheiro, dependendo de quanto pagou pelo título e do seu valor de mercado -definido por oferta e demanda.

ESCOLHA CERTA

Apesar de o Tesouro oferecer vantagens como o baixo custo, a praticidade e a garantia do governo, antes de escolher uma aplicação, o investidor deve definir três premissas: a quantia disponível para o investimento, o objetivo e o prazo para resgatar os recursos.

Assim, é mais fácil escolher a opção mais adequada.

Para o educador financeiro Mauro Calil, o Tesouro Direto é um investimento ideal para situações em que não se pode correr riscos, como um investimento para uma festa de casamento, e para, no máximo, dois anos.

Para ele, quando o objetivo permite um pouco mais de risco e um prazo maior, outras opções podem render mais, como fundos imobiliários, títulos de dívida privada, LCI (Letras de Crédito Imobiliário) e LCA (Letra de Crédito do Agronegócio).


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