Folha de S. Paulo


Novos direitos de domésticos já abalam rotina de patrões e empregados

Os novos direitos dos empregados domésticos, que devem virar lei na próxima semana, já estão transformando a vida de aproximadamente 7 milhões de domésticos (dados da OIT), cerca de três quartos ainda sem carteira assinada.

E de pelo menos 7 milhões de respectivos empregadores.

A expectativa deve persistir até o meio do ano, quando, segundo o Ministério do Trabalho, devem ficar prontas as novas regras de itens como adicional noturno, demissão por justa causa, seguro-desemprego e FGTS.

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Mas o custo vai aumentar (simulações feitas pela Folha com salários de nove entrevistados mostra acréscimo de no mínimo 6% e de até o dobro, nos casos mais extremos), e isso já está mexendo com a vida e as relações de empregados e empregadores e das famílias de lado a lado.

Em 16 histórias ouvidas pela reportagem, pelo menos 4 --um quarto do total-- cogita demitir ao menos um empregado, por não ter como arcar com o aumento de custo.

Outros empregadores pensam em mudar seu próprio horário de trabalho para evitar as horas extras ou em alterar a rotina da família, mandando a criança para a escola para evitar a necessidade de uma babá naquele período.

Do lado dos domésticos, a expectativa é grande em relação aos novos benefícios --e as dúvidas também.

Com MARIANNA ARAGÃO, de São Paulo, DENISE LUNA e VENCESLAU BORLINA, do Rio, JULIANA COISSI, de Ribeirão, DANIEL CARVALHO, de Recife, ESTELITA HASS CARAZZAI, de Curitiba, AGUIRRE TALENTO, de Belém, KÁTIA BRASIL, de Manaus,
e PAULO PEIXOTO, de Belo Horizonte

LEIA AS HISTÓRIAS

Adriano Vizoni/Folhapress
Jose Agostinho Galvao de Barros Filho, 40 ao lado da esposa e filhos, Tatiana, Pedro (esq.) e Bernardo (no colo da mãe)
Jose Agostinho Galvao de Barros Filho, 40 ao lado da esposa e filhos, Tatiana, Pedro (esq.) e Bernardo (no colo da mãe)

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Helena dos Santos Silva, 52, cuida de uma idosa e da casa dela
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Adriano Vizoni/Folhapress
O cuidador de idosos Reginaldo Moreira Souza, 51
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Cuidador de idosos está otimista com a chance de receber o FGTS

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Márcia Silva dos Santos, 41, e sua filha Gabriela
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Felipe Fittipaldi/Folhapress
A trabalhadora doméstica terceirizada Márcia Cristina e sua patroa Beatriz
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Marluce da Conceicao Silva, 48, empregada domestica ha 22 anos
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Adriano Vizoni/Folhapress
Dulcineia Ferreira Silva, 39, babá
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