Folha de S. Paulo


Mansão é ponto de partida para empresas de internet iniciantes

Na mesma sala em que Mario e Luigi correm para resgatar a princesa Peach, empreendedores trabalham em ideias inovadoras para tentar revolucionar o mercado.

O escritório inusitado tem um painel com os personagens do jogo de videogame.

Conhecida como Mansão Start-Up, a casa com fachada neoclássica e cerca de 6 metros de altura abriga 12 empresas de internet iniciantes.

Antes, já foi uma balada (daí seus salões com teto alto) e uma loja de roupas. Faliu devido a falta de movimento da rua sem saída na zona oeste de São Paulo, afirma Flórian Hagenbuch, 25, sócio da Printi, uma das empresas que estão no local.

Na entrada, acima da mesa de recepção, já se veem os logos das empresas que funcionam ali. Algumas delas têm sala própria, enquanto outras dividem espaços maiores, como o que tem a parede ocupada pelo painel.

Hagenbuch conta que a iniciativa de ir para a casa partiu de três start-ups, a Printi, a Pitzi e a Emprego Ligado. Estão instaladas no local desde setembro de 2012.

Alugaram o espaço por R$ 25 mil por mês e, para arcar com os custos, passaram a sublocá-lo para outras empresas. Ele diz que não há nenhum ganho com os aluguéis, que servem apenas para ratear os custos.

Em sua maioria, os empreendedores têm entre 20 e 30 anos. Muitos têm experiência internacional e trabalham em seu primeiro negócio, iniciado na sala de casa.

É o caso de Hagenbuch. Nascido na Alemanha, veio aos 4 anos para o Brasil e conheceu o sócio quando fez universidade nos EUA.

Para ele, o mais interessante em dividir o espaço é a troca de experiências com pessoas em fases distintas do negócio. "São desde coisas simples, como qual banco usar, até complexas, como aprender sobre contrato social."

O modelo lembra o co-working (mesmo espaço alugado para várias empresas). Mas há diferença: para entrar na casa, as empresas devem ter um perfil determinado.

Quem explica é Gabriel Benarrós, 24, CEO da Ingresse. "Aqui o espaço é nosso. A gente decide quem é interessante para trabalhar, agregar e ter inovação."

Amazonense que estudou em Stanford (EUA), ele diz acreditar que, devido à qualidade das empresas, a casa será um centro de inovação.

O trabalho na mansão começa às 8h e vai até às 24h. As regras são poucas, ninguém tem hora para entrar e sair nem usa uniforme.

Algumas rotinas existem. A partir das 18h, começa um torneio de pingue-pongue na sala de lazer. Também há churrascos e festas em datas especiais, como Halloween. Para completar, só falta um PlayStation, diz Gabriel.

Erra quem pensa que o trabalho fica em segundo plano. "Estabelecemos metas semanais. Se as atingirmos na quinta, sexta será feriado. Se não atingirmos na sexta, trabalharemos no sábado."

Não importa se é hora do churrasco, os empreendedores dizem que é mais comum conversarem sobre negócios do que sobre futebol.

Para Bruna Figueiredo, 27, o relacionamento com os colegas de outras empresas vai além do trabalho.

Nascida em Pernambuco, com passagens pela Suíça e pelos EUA, onde estudou joalheria e empreendedorismo, e dona de uma empresa de customização de joias on-line, ela diz que os colegas a ajudam muito a superar as turbulências de quem está começando na internet.

"Muita gente vem de fora e acabamos virando um pouco a família do outro. Vamos ao cinema, fazemos muita coisa fora da casa."

Editoria de Arte/Editoria de Arte/Folhapress

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