Folha de S. Paulo


Em sessão de fraco volume, dólar fecha com queda de 0,3% no mercado à vista

O dólar fechou em queda ante o real nesta quarta-feira, acompanhando sua desvalorização perante moedas de outros países exportadores no mercado externo. Mais curta por conta do retorno do feriado de Carnaval, a sessão teve baixa liquidez e volume reduzido.

O dólar terminou o dia em baixa de 0,3%, a R$ 1,965 na venda. No mercado externo, o Dollar Index, que mede o desempenho da divisa americana ante uma cesta de moedas, subia 0,05%, a 80,09 pontos, enquanto o euro recuava 0,02%, a US$ 1,345 por volta das 17h.

Segundo dados da BM&F, o volume negociado ficou em torno de US$1,6 bilhão, muito aquém dos cerca de US$ 4 bilhões movimentados por dia na última semana.

"O mercado está com liquidez reduzida e talvez outro fator seja o cenário externo, que está menos avesso a risco", afirmou o consultor de pesquisas econômicas do Banco Tokyo-Mitsubishi Mauricio Nakahodo.

Enquanto balanços corporativos e um bem-sucedido leilão de títulos na Itália alimentaram o apetite por risco nas bolsas de valores, um comunicado do G7 --grupo que reúne as sete economias mais desenvolvidas do mundo-- defendendo o câmbio determinado pelo mercado causava volatilidade em outras moedas no exterior.

Segundo analistas, o maior giro financeiro deve ser retomado a partir da próxima sessão, embora analistas acreditem que a quantidade de negócios somente estará normalizado a partir da próxima segunda-feira.

CÂMBIO X INFLAÇÃO

Preocupações com a inflação e declarações à Reuters do Ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que o governo não deixaria o dólar chegar a R$ 1,85 chegaram a puxar a moeda norte-americana para o patamar R$1,95 durante os negócios na última sexta-feira.

Mas uma intervenção do BC no mesmo dia trouxe o dólar a R$ 1,971 e alimentou interpretações no mercado de uma nova banda informal de 1,95 a 2 reais.

Na avaliação de analistas, a intenção desse novo intervalo de negociação seria ancorar as expectativas de inflação, depois que a divulgação do IPCA de janeiro preocupou o mercado e o próprio presidente do BC, Alexandre Tombini.

"O câmbio está efetivamente tabelado... O mercado entende que R$ 1,95 a R$ 2 seria uma nova base de câmbio", afirmou o diretor de câmbio da Pioneer Corretora, João Medeiros.

Para analistas, o mercado deverá voltar a testar o nível de R$1,95 nas próximas sessões, assim que o volume se regularizar e mais dólares entrarem no país.

"Há a expectativa de maior entrada de divisas no país, tanto pela conta comercial, como pela conta financeira", disse Nakahodo, do Banco Tokyo-Mitsubishi, citando os embarques de soja em fevereiro e março e a possibilidade de novas captações de empresas brasileiras no exterior.


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