Em resposta à derrubada das ações, que recuaram quase 8% nesta terça-feira, a Oi decidiu antecipar a divulgação de parte dos resultados do balanço de 2012, embora ainda não auditados.
Agentes de mercado se questionavam hoje, durante o pregão, se a demissão do presidente da empresa, Francisco Valim --e a nomeação do então chairman José Mauro Carneiro da Cunha para ocupar o posto--, teria alguma ligação com os resultados da empresa.
A saída de Valim foi cercada de especulações sobre os resultados da empresa no ano passado, com informações de que os números não teriam agradado os principais acionistas.
A companhia informou que fechou o ano com receita líquida de R$ 27,5 bilhões e lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) de R$ 8,7 bilhões, o que representa uma margem de 31,6% e que se compara à meta da empresa, de R$ 8,8 bilhões.
A Oi disse ainda que sua dívida líquida encerrou o ano em R$ 25 bilhões, com a relação entre esse indicador e o Ebitda ficando em 2,87 vezes.
Como esse índice ficou abaixo de 3 vezes, a empresa disse que cumpriu as condições estabelecidas pela política de remuneração aos acionistas, o que lhe permitirá manter o pagamento de dividendos anunciado.
"Reafirmamos que proporemos à assembleia geral o pagamento aos acionistas no montante de R$ 1 bilhão, em complemento aos valores já pagos em agosto de 2012", disse a empresa em fato relevante.
A Oi informou ainda que a divulgação do balanço auditado e completo de 2012 ocorrerá em 18 de fevereiro.
AÇÕES E VALLIM
Nesta terça-feira, as ações da Oi lideraram as perdas do Ibovespa --a preferencial perdeu 7,9%, a R$ 8,01, e a ordinária recuou 6,6%, para R$ 9,00--, com o mercado reagindo mal à troca de comando na companhia. O Ibovespa fechou em queda de 0,34%.
A indicação de Cunha faz parte de um rito definido no estatuto da companhia. De acordo com ele, sempre que a presidência da companhia estiver vaga, assume o presidente do conselho de administração ate a escolha do novo executivo.
Conforme a Folha revelou na edição de segunda-feira (21), a saída de Valim ocorre devido à insatisfação dos controladores com os resultados apresentados. Há um ano e meio no cargo, Valim aumentou gastos, principalmente com o processo de reestruturação societária após a incorporação definitiva da Brasil Telecom no ano passado. As receitas e o lucro caíram e os investimentos dobraram.
Contratado por um dos salários mais elevados do setor (R$ 100 milhões por quatro anos), Valim deverá receber o valor integral como "indenização" pelo encerramento antecipado de seu contrato, apesar de uma parte desse valor estar vinculada a seu desempenho.