Folha de S. Paulo


Diário de Paris: os presidenciáveis favoritos de Bardot e Binoche

Eric Feferberg - set.2007/AFP
ORG XMIT: 0008 (FILES) A picture taken on September 27, 2007, in Paris, shows French former actress Brigitte Bardot. Bardot, in a statement released on December 19, 2012, gave her support to French actor Gerard Depardieu. Depardieu has joined some of France's wealthiest business figures in Belgium following moves by President Francois Hollande's Socialist government to tax annual incomes above one million euros ($1.3 million) at 75 percent. Depardieu said on December 16, he is giving up his French passport after French Prime Minister Jean-Marc Ayrault called him
A atriz Brigitte Bardot em Paris

A duas semanas do primeiro turno das eleições presidenciais na França, uma mudança chama a atenção nos comícios dos principais candidatos: a presença cada vez mais rarefeita da classe artística. Foi-se a época de shows espetaculosos abrindo as manifestações e esquentando o eleitorado para os discursos políticos.

François Fillon e Marine Le Pen, candidatos da direita e da extrema direita, respectivamente, não acumularam tantos defensores de peso quanto escândalos durante esta campanha.

Uma das únicas exceções é Brigitte Bardot, que, em entrevista à revista "Valeurs Actuelles", afirmou ser fã dos dois. "Ele é muito corajoso", disse a atriz sobre o candidato do partido Republicanos, suspeito de ter contratado a própria mulher para um posto de assessora parlamentar que, na prática, ela nunca ocupou.

O centrista Emmanuel Macron, ex-ministro do presidente François Hollande e líder nas pesquisas de intenção de voto, possui o aval do escritor Erik Orsenna e da cantora Françoise Hardy.

Apesar de não contar com o apoio de figuras importantes dentro do seu próprio partido, como o ex-primeiro ministro Manuel Valls –derrotado nas prévias socialistas–, Benoît Hamon é o "petit favori" de Juliette Binoche, que disse em um programa televisivo admirar a sinceridade do candidato.

A equipe de Hamon se apressou em agradecer a atriz no Twitter. Não mencionou, porém, a crítica que Binoche fez na mesma ocasião à proposta do socialista de criar uma renda básica universal.

Joel Saget/AFP
Fotomontagem com a candidata da extrema direita, Marine Le Pen, e o centrista Emmanuel Macron
A candidata da extrema direita, Marine Le Pen, e o centrista Emmanuel Macron

UNIÃO DE CLASSES

"Eu nunca refutei o engajamento, mas sempre me questionei se ele serve para algo", comenta o músico Maxime Leforestier logo no início de "Présidentielle, une épreuve d'artistes" (Corrida presidencial: uma prova de artistas). O documentário de Yves Azeroual e Yves Derai, produzido pelo canal Public Sénat, esmiúça quatro décadas da complexa e fascinante associação entre artistas e políticos na França.

Os dois universos se namoram à distância desde pelo menos a década de 1930. O "modus operandi" das campanhas presidenciais muda radicalmente a partir da candidatura de Valéry Giscard d'Estaing em 1974, a primeira no país a se inspirar no modelo de transferência de popularidade lançado por John F. Kennedy, democrata que presidiu os EUA de 1961 a 1963.

Desde então, não foram poucos os artistas que deram uma mãozinha na eleição de algum candidato ou, pelo menos, ajudaram a moldar sua imagem. Um dos arquivos mais inusitados mostra a cantora Madonna na Prefeitura de Paris, em 1987, a convite do então primeiro-ministro Jacques Chirac, que já estava de olho na conquista de um eleitorado mais jovem para as eleições do ano seguinte.

Ao longo dos 52 minutos do filme, a classe política se transforma radicalmente, preocupando-se cada vez menos com o debate de ideias. Talvez por isso poucos artistas apoiem presidenciáveis hoje.

É o caso de Johnny Hallyday, cantor mais popular do país, que já apoiou Giscard d'Estaing e Jacques Chirac. O roqueiro deu um basta à política depois de se desiludir com o mandato de Nicolas Sarkozy, que ajudou a eleger em 2007.

EXAGERADO

Em "Going to Brazil" (Rumo ao Brasil), segundo longa-metragem dirigido pelo ator Patrick Mille que acaba de ser lançado nos cinemas da França, um trio de parisienses desembarca no Rio para o casamento de uma amiga com um brasileiro abastado. Elas acabam matando o noivo, o que desencadeia uma série de desventuras.

A comédia, no mesmo estilo da americana "Se Beber, Não Case"(2009), de Todd Phillips, conquistou alguns veículos da imprensa francesa. O "Le Monde", por exemplo, elogiou a profusão de loucuras do roteiro e disse que o filme "consegue transformar suas limitações em força".

ISABEL JUNQUEIRA, 32, é jornalista


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