Folha de S. Paulo


No ringue com Ronda, uma californiana loira, rica e boa de briga

Ela é loira, rica e está nos filmes de Hollywood. Também é a mulher mais durona da face da Terra, ex-judoca medalhista olímpica e hoje invicta no circuito de MMA (artes marciais mistas). Suas últimas duas lutas duraram 30 segundos, no total.

Ronda Rousey, 28, chegou ao Rio de Janeiro no último dia 27 direto das praias de Los Angeles para enfrentar a brasileira Bethe Correia em luta que faz parte do UFC, sigla da organização Ultimate Fighting Championship. Ronda mora em Venice Beach e treina em Santa Mônica.

"Adoro o público brasileiro. Eles me vaiaram, cantaram 'você vai morrer' em português, mas eles também foram os únicos que torceram por mim", disse Ronda no programa "Jimmy Kimmel Live", lembrando uma disputa no Rio em 2007, no campeonato mundial de judô. A adversária havia deslocado o braço de Ronda, que o colocou de volta e ainda o usou num golpe final para ganhar nos últimos 20 segundos, levando a plateia ao delírio.

Alexandre Loureiro/Inovafoto/Divulgação
Ronda Rousey em evento promocional da luta contra Bethe Correia, no Rio
Ronda Rousey em evento promocional da luta contra Bethe Correia, no Rio

Agora, mais uma vez ela foi festejada pelo público brasileiro, antes da luta prevista para a madrugada deste domingo (2).

A carreira meteórica de Ronda, primeira lutadora a assinar com o UFC, em 2012, está em detalhes na autobiografia que escreveu com a irmã, "Minha Luta, Sua Luta" (Abajour Books), lançada em junho por aqui. Antes da fama, ela fala do suicídio do pai, dos treinos insanos de judô e dos anos em que trabalhou como bartender e morou dentro de um carro em Los Angeles.

Sua estreia no cinema foi com "Os Mercenários 3" (2014). Neste ano, aparece em duas produções: "Velozes e Furiosos 7" e "Entourage - Fama e Amizade", filme baseado no seriado de mesmo nome, com estreia prevista no Brasil para 20/8.

JOGOS MUNDIAIS ESPECIAIS

Os Jogos Olímpicos Mundiais Especiais, que reúnem mais de 7 mil atletas com deficiência intelectual, acontecem até este domingo em cerca de 20 espaços de Los Angeles, com ingressos gratuitos. São 177 países representados, incluindo o Brasil com 38 participantes.

A cerimônia de abertura, que aconteceu dia 25, teve a presença da primeira-dama Michelle Obama, no Memorial Coliseum, que recebeu as Olimpíadas de 1932 e 1984. É o maior evento da cidade desde então. Entre os diversos esportes estão maratona, vôlei de praia, futebol, ginástica, patinação, boliche, bocha e golfe.

COMEDIANTES DE CASA NOVA

O grupo de improviso UCB (Upright Citizens Brigade, brigada vertical de cidadãos), fundado em Chicago e com Amy Poehler entre seus participantes mais famosos, está de casa nova em Los Angeles. O local é um complexo da comédia no meio de Hollywood, com 14 salas de aula, escritórios para produção de vídeos, lojas, café e um teatro com 85 lugares.

O UCB, que se mudou para Nova York nos anos 90 e tem por lá dois teatros-escola, fica agora também com dois espaços em L.A., ambos com programação na semana inteira: são de três a quatro shows por noite, alguns de graça e outros com entradas por até US$10 (ucbtheatre.com).

O principal é "ASSSSCAT", nas noites de domingo, com elenco variado. Matt Walsh (da série "Veep"), Zach Woods ("Silicon Valley") e Lauren Lapkus ("Orange is the New Black") são convidados frequentes, enquanto Zach Galifianakis ("Se Beber não Case") e Sarah Silverman ("Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola") costumam dar o ar da graça em outros eventos do UCB.

DO DESERTO PARA O MUSEU

O americano Noah Purifoy (1917-2004) e seu Museu de Arte a Céu Aberto no Deserto, que já foram tema deste Diário, ganharam uma exposição no Lacma (Los Angeles County Museum of Art), até 27/9. Purifoy passou os últimos 15 anos de vida dedicado a fazer esculturas e instalações de ferro-velho, espalhadas por um terreno no deserto de Joshua Tree, um parque nacional a duas horas de L.A.

O museu trouxe de lá meia dúzia de trabalhos em grande escala, instalados em plataformas cobertas de areia. A mostra também inclui outras 50 obras, algumas feitas com os destroços dos confrontos raciais de 1965 na cidade, que deixaram 34 mortos e mais de mil feridos.

De setembro a março, o mesmo museu abre uma retrospectiva do arquiteto Frank Gehry, com a exibição de mais de 200 desenhos e 60 projetos.

FERNANDA EZABELLA, 34, é jornalista.


Endereço da página: