Folha de S. Paulo


Cartas nada ordinárias e outras 9 indicações culturais

LIVRO | CARTAS EXTRAORDINÁRIAS
Estampada na capa, logo acima do título, uma frase define bem esta coletânea, ao compará-la a uma caixa de chocolates. O leitor voyeur -e qual não é, ao menos um pouco?- vira suas páginas como o amante de doces que olha (e come) com igual interesse a trufa mais delicada e o bombom de ameixa abandonado na embalagem. Convivem no volume, ilustrado com fotos e fac-símiles, 125 cartas tão dissimilares como a comovente descrição dos últimos dias do explorador Robert Scott no polo Sul, endereçada não a sua mulher, mas, diante da proximidade da morte, a sua "viúva", em 1912; a bela exortação feita em 1962 por Sol LeWitt à também artista Eva Hesse: "Trabalhe", recomendando-lhe que não se deixasse tolher pelas inseguranças e opiniões alheias; e a jocosa carta de 1958 em que três fãs pedem a Dwight Eisenhower, presidente dos EUA, que o Exército poupasse o topete do recém-convocado Elvis Presley. (FRANCESCA ANGIOLILLO)
org. Shaun Usher | trad. Hildegard Feist | Companhia das Letras | R$ 99,90 (368 págs.)

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CINEMA | REPESCAGEM
A mostra "Cine Delongas" exibe filmes brasileiros e estrangeiros que tiveram destaque em festivais e nos cinemas. Em sessões únicas, passam longas como "Trabalhar Cansa" (2011), de Juliana Rojas e Marco Dutra e "A Criança" (2005), dos irmãos Dardenne.
Sesc Belenzinho | tel. (11) 2076-9700 dias 23, 26, 30/12, às 10h, 14h, 16h e 19h e 6/1, às 14h e 16h | grátis (retirar ingresso 30 minutos antes)

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EXPOSIÇÃO | WALDEMAR CORDEIRO
A retrospectiva "Fantasia Exata" revê 250 trabalhos do artista (1925-73) pioneiro no uso do computador. São obras desde sua fase concretista nos anos 50 até as experimentações dos anos 70, sob curadoria de Fernando Cocchiarale e Arlindo Machado.
Paço Imperial - Rio | tel. (21) 2215-2622 | de ter. a dom., das 12h às 18h | grátis | até 1º/3

Divulgação
"Dia dos Namorados" (1973), de Waldemar Cordeiro

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LIVRO | ARTE E DITADURA
A "Ilustríssima" fez três perguntas à curadora e historiadora Claudia Calirman, autora de "Arte Brasileira na Ditadura Militar: Antonio Manuel, Artur Barrio e Cildo Meireles".
trad. Dmitry Gomes e Victor Heringer | Réptil | R$ 60 (240 págs.)

Folha - O que há de único na arte feita no período da ditadura?
Havia repressão, censura, e, sobretudo, autocensura dos artistas, já que os critérios do proibido eram arbitrários. Muitos optaram por arte efêmera, até anônima, em que pudessem realizar algo sem deixar vestígios autorais. As intervenções artísticas lembravam ações de guerrilha urbana.

Por que esses três artistas?
Eles abordaram a questão política ao mesmo tempo que desenvolveram novas linguagens artísticas. Antonio Manuel com seus flans se apropriou da mídia para denunciar a censura, Barrio criou intervenções com suas trouxas ensanguentadas expondo repressão e violência, e Cildo usou táticas conceituais para interferir no sistema e subverter a ordem.

Qual o legado desses artistas?
Eles abriram novas linguagens nas artes visuais e mostraram que é possível criar sem cair na arte panfletária, em momentos de repressão política. (ÚRSULA PASSOS)

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EXPOSIÇÃO | ARNALDO DIAS BAPTISTA
Na mostra "Exorealismo", o membro dos Mutantes expõe, sob curadoria de Marcio Harum, suas obras ligadas à música. Além disso, há pinturas e desenhos de extraterrestres.
galeria Emma Thomas | tel. (11) 3063-2193 | de ter. à sex., das 11h às 19h; sáb., das 11h às 17h | grátis | até 10/1

Divulgação
"A 100 Dente" (2013), de Arnaldo Dias Baptista

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LIVROS | MACUNAÍMA NO PALCO
A coleção, uma parceria entre a editora e a escola de teatro, que completa 40 anos, traz "O Grande Diário do Pequeno Ator", organizado por Debora Hummel e Silvia de Paula, que compila diários de sala de aulas para crianças. Já "Um Olhar Através de... Máscaras", de Renata Kamla, recorre a estudos de Stanislávski e Lecoq para discutir o poder da máscara na formação do ator. Outro volume sai ainda este mês, de memórias de Nissim Castiel.
Perspectiva | "O Grande Diário" - R$ 55 (264 págs.); "Um Olhar" - R$ 35 (252 págs.)

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EXPOSIÇÃO | JOSÉ DAMASCENO
A instalação que dá nome à mostra "Cirandar Todos" -uma das quatro obras inéditas do artista carioca que estão em exposição- é formada por 150 manequins de madeira, de 30cm de altura, unidos pelas mãos por imãs. O catálogo, com texto de Ligia Canongia, será lançado dia 7/2, às 17h, em conversa aberta entre a curadora, o artista e o professor de filosofia da PUC-Rio José Thomaz Brum.
Casa França-Brasil - Rio | tel. (21) 2332-5120 | de ter. a dom., das 10h às 20h | grátis | até 22/2

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LIVRO | LUIZ TATIT
A nova edição de "Todos Entoam - Ensaios, Conversas e Lembranças" traz seis textos que não estavam na primeira publicação, de 2007, além da autobiografia do autor, ampliada e atualizada. O músico e professor de linguística da USP narra ainda, em entrevista organizada por Arthur Nestrovski, suas experiências dos tempos de Vanguarda Paulista e do Grupo Rumo.
Ateliê Editorial | R$ 60 (424 págs.)

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LIVRO | JIMI HENDRIX POR ELE MESMO
Organizada pelo produtor Alan Douglas e pelo documentarista Peter Neal, a publicação reúne textos do guitarrista (1942-70) e entrevistas. A autobiografia monta, como num quebra-cabeça, a história do músico, usando cartas e trechos de diários.
trad. Ivan Weisz Kuck | Zahar | R$ 39,90 (211 págs.); R$ 24,90 (e-book)

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LIVRO | DELEUZE
Coodernado por Sandro Kobol Fornazari, "Deleuze Hoje" compila 31 artigos sobre a obra do filósofo francês (1925-95). São textos sobre as relações do autor com outros filósofos e sobre sua atualidade de professores e pesquisadores da área, como Marilena Chaui e Luiz Orlandi.
ed. Fap-Unifesp |R$ 80 (576 págs.)


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